Monday, March 30, 2009

Resenha da aula - 26/03/09

A aula da última quinta-feira foi iniciada com comentários sobre um vídeo do YouTube bloqueado pelo governo chinês. Nesta discussão ficou claro que uma sociedade democrática deve ter uma mídia totalmente livre, onde não haja qualquer bloqueio ao que é colocado na rede.
No decorrer da aula um dos assuntos discutidos foi a globalização, que ajudaria no equilíbrio geopolítico planetário segundo uma tese considerada controversa pelo próprio Lemos. Nesse caso, as corporações teriam suas bases de produção prejudicadas caso houvesse guerra, já que estas são na sua maioria multinacionais e desterritorializadas. Um exemplo disso é a montagem de um computador, onde cada peça vem de um país diferente. No entanto, a partir daí foi apontado que apesar da enorme circulação de mercadorias e informações, a livre movimentação de pessoas no mundo só existe em parte.
André Lemos deu segmento a aula falando das diferenças de interesse entre as grandes empresas e a legislação de um país, como aconteceu aqui no Brasil. O Orkut não queria liberar os dados dos usuários ao Ministério Público para facilitar a resolução de alguns crimes, e quase foi bloqueado. Porém, depois de tanta pressão teve que ceder esses dados para o governo.
Lemos explicou que o sistema de busca do Google trabalha a partir do número de visitas. O Google News também utiliza o mesmo artifício: as manchetes ou notícias mais lidas são colocadas como principais. Em relação aos blogs ocorre o mesmo, a reputação destes advém da quantidade de visitas.
Enfatizou-se também a maior liberdade ideológica dos blogs comparados às mídias de massa, controladas quase sempre por grandes grupos empresarias, e onde a hierarquia administrativa prevalece (as decisões são impostas “de cima para baixo”). Segundo Lemos, ocorre o contrário com as ferramentas da cibercultura, pois as mesmas surgiram “de baixo para cima”, o que não quer dizer que mais tarde algumas dessas ferramentas não possam ter transformado ou se tornado grandes empresas, caso do YouTube. Foi ressaltada ainda a função dos blogs. Para o professor, a maior parte deles tem uma função transversal na comunicação, mas alguns blogs têm função de massa, a exemplo dos blogs de grandes jornais, como o da Folha de São Paulo.
Outro fato abordado foi a objetividade ou neutralidade do jornalismo, que na verdade não existe e sempre é colocada como prioridade. Sob o conceito de objetividade está inserido o paradigma empreendido pelo racionalismo, especialmente por Descartes, na medida em que o ideal seria analisar o mundo a partir de métodos consensuais em uma determinada comunidade de profissionais. Na base do conceito estaria a ideia de que há fatos que devem ser analisados desligados da subjetividade do jornalista, e para tal análise existiriam métodos específicos.
A partir do seminário sobre o texto Psique e Techne, de Umberto Galimberti, foi abordada a entrada da técnica nas nossas vidas. Segundo o autor, a técnica não é neutra e sim determinista; somos dominados por ela a ponto de sermos alienados e não percebermos essa alienação. Por outro lado, a técnica não está preocupada em buscar respostas. Para André Lemos, a visão de Galimberti sobre a técnica é ortodoxa, no sentido de não considerar as apropriações da mesma pela sociedade. É notório que existe um macro-determinismo da técnica, porém os diversos grupos sociais estabelecem micro-apropriações culturais desta. O uso do celular e da internet, por exemplo, é diferente pelo mundo. Além disso, a técnica é de desejo social; o celular não foi imposto à sociedade, mas demandado por ela a partir da sua necessidade de urgência de comunicação.
Segundo André Lemos, o homem pós-moderno apresenta ânsia constante de produzir informação e de se comunicar. Esta não é uma comunicação urgente, mas uma urgência de estar permanentemente comunicado. As novas tecnologias atendem principalmente tal necessidade.
Por fim, foi abordado por Lemos o deslocamento da identidade moderna para uma identidade pós-moderna. Já no início da aula ele tinha citado David Harvey e a “compressão do tempo-espaço”, expressão elucidada no livro Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural, que pode ser visualizado em parte nesse link.
A partir de Galimberti, lemos nos propôs reflexões, entre elas: “Podemos controlar o avanço tecnológico?”.
>Postada pelo grupo 7

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