Wednesday, August 19, 2009

Tecnologia, Cultura e Sociedade

Lendo a reportagem Duas mentes e um futuro digital do caderno de informática do jornal O Estado de São Paulo, que compara os pensamentos de Lev Manovich e Artur Matuck sobre as mudanças e desafios do mundo digital, encontrei nas opiniões de Manovich algumas temáticas pertinentes à nossa última discussão em sala de aula (18/09).

Na reportagem é explicitada a visão de Manovich sobre o termo ciberespaço, que, para ele, já não existe mais, pois a web se solidificou, sendo assim “domesticada e assimilada”. “Não há mais razão, portanto, para diferenciar online de offline, ou mesmo cultura de tecnologia: ‘Esses espaços se fundiram e hoje são o mesmo. É tudo um fluxo contínuo’, afirma o autor na reportagem. Pode-se relacionar este argumento ao de Pierre Lévy, em O inexistente impacto da tecnologia, no que diz respeito à concepção de que as tecnologias são produtos de uma sociedade e de uma cultura. Logo, a web e seus usos são produtos da nossa cultura e sociedade, os quais foram incorporados às nossas práticas.

Manovich vai mais longe ao dizer que a separação entre os mundos real e virtual só se deu até 2005, quando a fusão se completou, com a ascensão da web 2.0 e das mídias sociais. Entretanto, vale ressaltar que não existe real sem virtual e que, apesar da expansão da web, nem todos tem acesso a suas tecnologias.

Grupo 8

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3 Comments:

Blogger Unknown said...

A posição do Manovich me parece muito tecnodeterminista, sobretudo quando o repórter fala em seu "tédio nas formas que teimam em se manter" e quando o próprio Manovich afirma que não perde seu tempo lendo livros ou ouvindo discsos tais como são por causa de seu caráter "velho e desinteressante”. Para mim, o autor não considera

Ao meu ver, considerar que a web se fundiu completamente ao mundo 'offline' só é realmente efetivo em metrópoles e em cidades em que praticamente tudo é comandado através de computadores conectados em rede. Em lugares assim, há conexão de internet em vários lugares - seja, por exemplo, a conexão com fio em lans e cibercafés ou as redes wi-fi e de telefones celulares -, criando o que o professor André Lemos entende por "territórios informacionais".

Concordo inteiramente quando o autor afirma que a produção colaborativa de conteúdos e as redes sociais estão modificando drasticamente nosso estar no mundo - e para isto, não é necessário viver em metrópoles informatizadas. Porém, quando falamos na computação ubíqua (presente em todos os lugares, como citei acima), é necessário perceber que há níveis de inserção da web em cada lugar. Por exemplo, quando pensamos em lugares nos quais a influência dos computadores - e não da técnica, ressalto - é pequena, a afirmação generalista do teórico russo me parece inadequada. A assimilação da web é um fenômeno urbano.

August 19, 2009 at 8:29 PM  
Blogger Fred Fagundes said...

Concordo com Nelson, principalmente no ponto em que Manovich critica a arte atual, considerando a literatura como desinteressante.

Acho que isso é muito mais uma opinião dele do que "o futuro da arte". Obviamente, a arte digital continuará em desenvolvimento junto às novas formas de interação que o computador e a web possibilitam, mas daí a dizer que as formas de arte antigas seriam completamente absorvidas e apropriadas digitalmente, e dizer que um "livro" (?) que possibilite saber o que cada habitante de São Paulo pensa seria muito mais interessante é completamente equivocado.

O que faz ele pensar que isso é realmente interessante? O livro seria interessante, para mim, na medida em que se atribuisse algum significado a esses pensamentos, uma razão de estar agrupado, um ponto mais interessante do que simplesmente ser de São Paulo.

Por exemplo, o twitter atualmente é um local em que muitas pessoas colocam não só o que estão fazendo, mas o que estão pensando. Suas opiniões sobre determinados assuntos, notícias, etc. Você não segue pessoas no twitter simplesmente porque elas são de Salvador, ou São Paulo. Segue porque elas tem algo interessante a dizer, segundo o seu ponto de vista. Enfim, o que quero dizer é que esse livro que ele diz ser mais interessante já estaria pronto, se mais habitantes paulistas usassem o twitter. E esse tipo de uso do twitter, a meu ver, é fraquíssimo.

Qual a arte nisso, nos pensamentos das pessoas? Se não for ressignificado, atribuído um sentido maior, se não tiver sequer um conceito?

Parece-me uma empolgação besta com as possibilidades da web. É lógico que passamos a ter muitas coisas positivas, mas colocar o velho em detrimento do novo, dessa forma, não tem sentido algum.

August 20, 2009 at 4:57 AM  
Blogger Fred Fagundes said...

Também a ideia de fusão completa do ciberespaço com a realidade peca pelo fato de que eles nunca foram separados. O virtual nunca deixou de ser real.

Existe ainda, sim, uma ideia generalizada de que há essa separação. Essa ideia, sim, está sendo dissolvida com as redes sociais e o aumento do uso de internet em mobilidade (e da "internet das coisas").

A forma como as pessoas se relacionam na internet, a meu ver, foi realmente alterada pelas redes sociais. Se antes a ideia era assumir outra identidade no ciberespaço, uma identidade virtual, usada em salas de bate-papo, alçada em mentiras e auto-afirmação barata, a ideia de Facebook e Orkut é um uso pessoal, como se fosse face-a-face, ou carta-carta, ou conversa via telefone/msn com amigos.

Talvez assim se possa falar em dissolução do ciberespaço... Mas também deve-se observar que não é para todos. O uso no estilo bate-papo continua existindo, e também o acesso à rede é limitado.

É o que eu penso.

August 20, 2009 at 5:06 AM  

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