Thursday, July 2, 2009

Resenha da apresentação do texto: Para que “Nova Ordem Mundial da Informação” Dia 30/06.

Conhecendo o autor
Armand Mattelart é um sociólogo belga radicado na França, especializado no estudo da comunicação internacional. Começou sua carreira acadêmica no Chile, em 1962. Foi durante três anos (1970-73) conselheiro para políticas de comunicação de Salvador Allende. Desde 2003, é o presidente do Observatório Francês de Mídia.

Introdução
Para que “Nova Ordem Mundial da Informação”? Esse texto é resultado da Conferência Inaugural do I Congresso Ibero-Americano de comunicação, na Universidade de Sevilla, Espanha, em março de 2004. Armand Mattelart começa explicando o título. Diz que a expressão está entre aspas, pois não foi criada por ele e sim pelo grupo de países mais industrializados (G-7), em 1995, quando se reuniram pela primeira vez para tratar do tema: “sociedade global da informação”. Ele diz que a reivindicação de uma “nova ordem” passou do campo da contestação do intercâmbio desigual para feudo dos donos do mundo e faz alguns questionamentos: Quais são seus pressupostos geopolíticos? Que outra possibilidade pode ser proposta com base em outra visão do mundo? O texto se propõe a responder essas e levantar outras perguntas a cerca do assunto.

A necessária crítica da língua instrumental
Faz já muito tempo que toda uma tradição de pensamento crítico desvelou os pressupostos ideológicos do conceito de “informação”, tal como é usado para designar a nova sociedade que se supõe suceder à sociedade industrial, e assinalou os efeitos de sentidos não controlados que nutrem a confusão entre este conceito e o conhecimento do saber.

O problema da informação é encontrar a codificação mais eficaz (em velocidade e custo) para transmitir uma mensagem telegráfica de um emissor a um destinatário. O que importa é o canal. A produção do sentido não está incluída no programa. A informação está separada da cultura e da memória.

A noção unívoca de “sociedade global da informação” se desvanece diante da multiplicidade dos modos de apropriação social dos artefatos da comunicação que traduzem a singularidade das histórias, das línguas, das culturas. A aproximação entre as Sociedades do conhecimento e diversidade cultural indica que a defesa da diversidade é também tarefa dos processos educativos.

Projetos contrastados: as lições de uma cúpula
Convertida em princípio operacional, a sociedade da informação só adquire seu sentido numa configuração geopolítica. A primeira fase da Cúpula Mundial da Sociedade da Informação que ocorreu em dezembro de 2003, em Genebra, sob os auspícios da União Internacional das Telecomunicações, consolidou muitos destes avanços geopolíticos. Nesta Cúpula se confrontam idéias, símbolos, visões do mundo que põem em jogo antagônicos valores estéticos, éticos e políticos.

Que vias podem ser encontradas para a implantação social das tecnologias? Com que atores fazê-lo? Tais são as interrogações às quais trataram de responder os diferentes protagonistas da Cúpula e das conferências preparatórias. A Câmara Internacional do Comércio e os representantes das organizações não governamentais lembraram que a construção da chamada sociedade da informação se inscreve forçosamente em um campo de forças políticas das quais é difícil abstrair-se, e que os usos sociais das tecnologias são também assunto dos cidadãos e não só do determinismo do mercado e da técnica.

A Declaração final da Cúpula deixou insatisfeitos os representantes da sociedade civil, que expressaram seu descontentamento pela forma com que a Cúpula levava em consideração não só essas propostas sobre a revisão do regime da propriedade intelectual, como também o conjunto de suas contribuições.

O dever da memória
Nessa última parte foram sintetizados alguns dos desafios planejados no projeto de nova ordem telecomunicacional.

Preservar os conceitos de participação, sociedade civil, serviço público, interesse público, diversidade e todos os termos que constituem o acervo da história da multifacetária das lutas sociais e culturais. Não separar a problemática dos usos das tecnologias anteriores (por exemplo, rádio), mas, ao mesmo tempo, restaurar a memória matizada das múltiplas formas de artes e culturas populares, é isso que pleiteiam as exortações e demandas das organizações não-governamentais comprometidas em experiências participativas sob todas as latitudes, e, em especial, na América Latina.

A reconciliação de grande parte da classe intelectual com a cultura de massa ocorreu paralelamente à perda da representação dos meios de comunicação como dispositivos de poder, como um dos lugares de fabricação da opinião. Os acontecimentos mais recentes, e muito especialmente desde o 11 de setembro de 2001, testemunham que eles nunca deixaram de sê-lo.

O projeto de criação permanente de um lugar propício à intervenção construtiva corresponde a uma tomada de consciência: a importância que os conglomerados de comunicação estão adquirindo no exercício do poder político e como organização de pressão corporativa, em todos os âmbitos das instituições internacionais em que se decide o perfil do ordenamento técnico mundial, exige um militanismo e formas de contestação inéditas.

Grupo 5

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