Monday, June 29, 2009

Resenha da aula do dia 25 de junho.

A aula do dia 25 de Junho de 2009 começou com o comentário do Professor André Lemos à respeito das avaliações. Logo após teve início a apresentação do grupo 3 sobre o texto de Pierre Musso “Ciberespaço, figura reticular da utopia tecnológica”, exposto pelas alunas Louise Matos, Aline Fontes e Francis Cardoso.

A Técnica e a Sociedade sempre estiveram ligadas diretamente e estão em constante relação dialógica. Em seu texto, Pierre Musso, professor de ciências da Informação e da comunicação, identifica algumas estruturas do imaginário do ciberespaço e colocá-las em perspectiva, principalmente a partir da matriz filosófica de Saint-Simon, socialista reformista francês, um dos principais socialistas utópicos e um dos fundadores do socialismo moderno, ao conceber uma sociedade futura dominada por cientistas e industriais. Ele defendia uma nova religião em que os cientistas tomariam o lugar dos padres e propunha a união entre nações para acabar com as guerras. Os discípulos de Saint-Simon associam a rede à religião cristã, pois eles vêem a rede como a forma mais perfeita de associação universal, capaz de mudar a existência humana. A rede tira o fardo da utopia social, algo dificilmente possível de acontecer. Para os sansimonistas, a rede técnica, principalmente a Internet, é o mesmo que democracia e igualdade. Ela concretiza os novos anjos da utopia, afinal nela o indivíduo tem apoio afetivo, intelectual, espiritual e econômico, ele nunca está sozinho. Graças à rede, tudo é vínculo, transição e passagem.

Ciberespaço é um espaço de comunicação que exclui a necessidade do homem físico para constituir a comunicação como fonte de relacionamento, dando ênfase ao ato da imaginação, necessária para a criação de uma imagem anônima, que terá comunhão com os demais. Apesar da Internet ser o principal ambiente do ciberespaço, devido a sua popularização e sua natureza de hipertexto, o ciberespaço também pode ocorrer na relação do homem com outras tecnologias, o celular é um grande exemplo desse fenômeno. Em seu conceito mais simples, é uma rede universal que conecta todos os indivíduos em escala planetária, constituindo uma espécie de “cérebro planetário” que produz “inteligência coletiva”. Gibson define ciberespaço como uma “alucinação consensual”, um fascínio, delírio compartilhado por todos.

Atualmente, Ciberespaço e Internet se tornaram sinônimos, o motivo é muito simples: é especialmente na rede que grande parte das características do Ciberespaço se manifestam. Se tornam quase uma coisa só ou a mesma coisa. É na Internet que torna-se mais visíveis os fluxos informacionais que acontecem pelo mundo, destituídos de fronteiras e independentes de posições geográficas. Embora a Internet seja sua maior representante até agora, o Ciberespaço independe da rede para existir.

Como quase tudo na informática, as redes passaram por um longo processo de evolução antes de chegarem aos padrões utilizados atualmente.

Pierre Musso argumenta que três redes técnicas estruturam a comunicação do século XX: a rede de radiodifusão, a rede teleinformática e a telefonia ponto a ponto. “O Ciberespaço recupera essa ‘santa trindade’ para valorizar a figura da rede telemática do tipo Internet como modelo de conexão livre e igualitária” (MUSSO, 2006, p. 205). Um dos aspectos mais importantes sobre essa questão é a convergência entre o ‘desencantamento do mundo’ e do esvaziamento da religião e a criação as grandes redes técnicas modernas: ferrovias, telégrafo e elétrica. Reflete a idéia de um mundo conectado, construindo uma noção de “cérebro planetário” e “inteligência coletiva”, já citadas anteriormente. Coloca a técnica como elemento central da sociedade atualmente “A técnica desempenha o papel simbólico em nossas sociedades desencantadas. Assim a rede se tornou um atraidor, contribuindo para um reencantamento buscado nas utopias tecnológicas. A rede, e seu cortejo de metáforas está no centro desses novos dispositivos da comunicação” (MUSSO, 2006, p.191).

A história da rede nos mostra que o conceito de rede está extremamente ligado ao conceito de corpo humano. Daí vem o nome figura reticular, pois a estrutura reticular explica o funcionamento do sistema complexo e isso se aplica à rede. Propõe um conceito de rede como uma estrutura de interconexão instável, composta de elementos em interação e cuja variabilidade obedece a alguma regra de funcionamento.

A rede, nos dias atuais, parece indicar o significado da interconexão e da ligação, sem limite. Para Musso, é comparável a uma catedral cuja torre indicaria não mais o além, senão o futuro terrestre prometido. Ela aponta o porvir aqui embaixo, o futuro da sociedade envolta numa rede em cujas malhas já caímos. A rede se tornou uma espécie de templo da religião comunicacional mundial e esse novo templo seria responsável por conectar o presente e o futuro, prometendo paz e democracia pela circulação e pela conexão generalizadas.

Pierre Musso trabalha alguns conceitos para a compreensão do texto. Estes foram citados em sala da seguinte forma:

Cybionte - Joel de Rosnay
A atual dinâmica do desenvolvimento de redes de computadores por todo o planeta e seu crescimento exponencial, propõe o ciberespaço como uma espécie de sistema "auto-organizante", hipercomplexo, vivo, uma entidade quase biológica, um organismo no sentido orgânico do termo. É nesse sentido que Joel de Rosnay analisa-o sob a empreita do "Cybionte", uma entidade cyborg formada pelos nossos neurônios e as redes de circulação de informação numérica. O Cybionte é para Rosnay um organismo, uma forma emergente da simbiose entre a cibernética e o biológico, um cérebro planetário formado pelo cérebro humano, computadores e redes.

Inteligência coletiva - Pierre Lévy
Segundo Lévy as redes de comunicação evoluíram de tal forma que nos dias de hoje pode-se dizer que é possível encontrar e gerar cultura tanto quanto uma biblioteca. Grandes trabalhos realizados em diversas áreas podem ser encontrados na internet, do mesmo modo que antigamente podíamos encontrar outros grandes trabalhos escritos em livros armazenados em bibliotecas. Inteligência Coletiva é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. Sua base e objetivo são o reconhecimento e o enriquecimento mútuos das pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas.

Sociedade de Rede - Manuel Castells
A Sociedade de Rede para o autor fundamenta-se em um amplo conjunto de informações empíricas e numa refinada teoria sociológica. Castells descreve a sociedade contemporânea como uma sociedade globalizada, centrada no uso e aplicação de informação e conhecimento, cuja base material está sendo alterada aceleradamente por uma revolução tecnológica concentrada na tecnologia da informação e em meio a profundas mudanças nas relações sociais, nos sistemas políticos e nos sistemas de valores.

Noosfera - Teilhard de Chardin
A Noosfera pode ser entendida como a "esfera do pensamento humano". Segundo o autor, assim como há a atmosfera, a geosfera e biosfera, existe também o mundo ou esfera das idéias, formado por produtos culturais, pelo espírito, linguagens, teorias e conhecimentos. Seguindo esta linha de pensamento, alimentamos a noosfera quando pensamos e nos comunicamos. A partir de então, o conceito de noosfera foi revisto e conseqüentemente sendo previsto como o próximo degrau evolutivo de nosso mundo, após sua passagem pelas posteriores transformações de geosfera, biosfera, "tecnosfera" (temporária e em andamento) e, então, a noosfera.


Postado pelo grupo 3.

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