Tuesday, June 9, 2009

Resenha da aula - 02/06/09

André Lemos, de início, falou sobre a expressão “novas ferramentas” e a problemática em fazer uso do adjetivo “novo”, que a seu ver seria uma forçação de barra já que comumente empregamos tal adjetivo sem sequer comparar as ferramentas consideradas novas das antigas, identificando ao menos a evolução destas. As “novas” tecnologias, para Lemos, remeteriam ao imaginário de uma superpotência ou capacidade humana de driblar as condições do espaço/tempo e ainda à fase mágica em Gilbert Simondon.

A aula foi desenvolvida especialmente a partir do texto Olhares sobre a Cibercultura, onde são abordados quinze pontos fundamentais desta. Segundo André, fazemos parte de um novo processo técnico, uma mudança civilizacional profunda nas formas de produzir, distribuir e consumir informação, contudo, no fundo estamos nada mais que criando capital social e formas de relações sociais. O celular, por exemplo, é a potencialização do sonho ancestral do homem, comunicar-se, e não somente uma imposição da sociedade de consumo. A internet seria um potencializador do capital social na mediada em que nela a audiência torna-se comunidade. É interessante observar como na internet os títulos que prestigiam os indivíduos da sociedade moderna a priori não importam, quando na realidade tal ferramenta também estabelece seus mecanismos de reputação, gerando a partir daí uma tensão entre duas meritocracias.

Lemos elucidou também o surgimento da cibercultura, fazendo ainda um breve panorama da evolução do computador. A ciência cibernética surgiu na década de 50 para pensar a troca de informações e a cibercultura, segundo alguns autores, nasce exatamente nessa época com o surgimento do computador. Já para André, o surgimento da cibercultura não se dá com os computadores, já que estes no início eram sistemas centralizadores supervisionados por especialistas e engenheiros. Na realidade a cibercultura surgiria mais tarde (década de 70) com a microinformática, influenciada pela idéia da contracultura. Para alguns a microinformática foi um movimento de guerrilha na medida em que seus precursores, estudantes californianos, buscaram romper com essa forma ainda centralizadora de controlar as informações. Mas afinal o que seria a cibercultura? Exatamente o novo processo técnico do qual falamos antes, já significado por uma relação sociotécnica. A cibercultura seria a cultura pós-moderna apoiada na informação, na tecnologia digital e em uma nova configuração espaço/temporal, onde o tempo é real e o espaço é global. O termo, segundo André, vem do nosso costume de nomear e dividir as épocas a partir dos artefatos tecnológicos, por isso, o “ciber” seria uma forma de enquadramento.

No panorama que fez, Lemos destacou a criação do primeiro Apple Macintosh, responsável em grande parte pelo que hoje conhecemos como computador pessoal, e o seu lançamento no simbólico ano de 1984, primeiro, por ser o ano do livro homônimo de George Orwell, segundo, por também ser o ano de publicação da ficção científica Neuromancer, escrita por Willian Gibson. O comercial de lançamento do Mac, dirigido por Ridley Scott, foi veiculado apenas uma vez, na final do Superbowl, evento esportivo de maior audiência da TV americana. Claramente inspirado no livro 1984, o comercial mostrava indivíduos completamente passivos recebendo ordens do Grande Irmão, personagem de Orwell. A Apple, representada pela atleta, promete revolucionar o mundo com o lançamento do seu Mac, e quem mais equivaleria ao Big Brother além da IBM, concorrente direta da empresa?



Em determinado episódio os Simpsons fazem uma crítica ao poder mercadológico da Apple utilizando-se do lendário comercial, e aqui o Big Brother é Steve Mobs (Jobs), presidente da companhia.


Por fim, André ainda falou sobre a atual impaciência generalizada onde não se contempla algo em que você não seja o próprio personagem central (síndrome do vídeo-game), causada pela possibilidade de produção da internet. Falou também da ampliação do fenômeno da cibercultura, dificultada pela exclusão digital, da legislação necessária para que não exista um descontrole geral no uso das ferramentas, especialmente quando se trata da internet, e ainda da geração de novas práticas comunicacionais, como é o caso do e-mail e dos weblogs.

Grupo 7

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