Wednesday, April 1, 2009

Resumo da aula de 31/03

A aula foi iniciada com a discussão sobre uma matéria da Folha de São Paulo do dia 19/03, que falava sobre a polêmica causada pela utilização que Marcelo Tas, ancora do programa CQC da rede bandeirantes, estaria fazendo do twitter. O apresentador, que possui um dos perfis mais populares do miniblog, esta utilizando o perfil pessoal no site como ferramenta de publicidade para um novo produto da empresa de telefonia “Telefônica”.

A referência a matéria suscitou temas relacionados ao limite ético da utilização de ferramentas tecnológicas e vetores de conteúdo para internautas, tal qual o twitter, como ferramentas de publicidade e marketing. Até que ponto isso prejudicaria a própria estrutura do site que, até hoje, não conta com nenhum tipo de publicidade efetiva em seu meio. Se seria ético que, tal personagem público, que possui tantos “followers” buscando conteúdo produzido por ele, utilizar-se desse meio para promover uma marca, considerada sem qualidade por parte da própria opinião pública, sendo que tal meio sequer foi idealizado para esse fim. Veja a matéria aqui

Após a discussão da matéria, o grupo responsável pela a análise do texto de Pierre Levy, continuou com sua explanação apresentando um trecho do filme Eu, robo. A partir desse trecho suscitou-se a discussão do que o homem estaria esperando realmente da tecnologia, falou-se das utopias das ficções cientificas que sempre criaram personagens robôs nas telas dos cinemas e, visões apocalípticas de “fins trágicos” que o desenvolvimento tecnológico poderia acarretar ao homem, também demonstrados nessas obras cinematográficas (A trilogia matrix, por exemplo).
No filme Eu, robô, a teoria de que o homem busca chegar à perfeição da técnica é levada a um ângulo utópico. O homem buscar na tecnologia um meio de conseguir um escravo socialmente aceitável. O robô ao que livraria a raça humana dos afazeres e trabalhos do dia a dia. Nessa ficção, a tecnologia passa a “cuidar do homem” mesmo contra a sua vontade. De certa forma, essa visão apocalíptica do mundo traduz-se na própria percepção de Elull quanto à evolução da técnica: Fugiu ao controle do ser humano que corre e se desenvolve de maneira autônoma e irrefreável.

Texto: Caracterologia da Técnica (Jacques Elull: 1912-1994)
A apresentação da equipe responsável pela explanação do texto faz uma síntese dos principais pontos abordados pelo autor:
Introdução: A tecnologia, entendida como união da técnica com a ciência pós-iluminismo, pode ser realmente entendida como uma nova técnica?
Os caracteres intrínsecos à técnica nunca mudaram. A operação mental que faz com que o homem mude o mundo é a mesma desde sempre, desde o nascimento do homem. O autor propõe que para entender a diferença entre técnica e tecnologia é preciso estudar seus efeitos na sociedade. O caráter sociológico é o caminho para entender as diferenças de Técnica vs. Tecnologia. A ciência aplicada (pós-iluminismo) é uma realidade por si mesma e não é mais mediada nem intermediada – uma realidade independente.

I – Técnica e Civilização, técnicas tradicionais e civilização.
O Homem é peça indispensável no desenvolvimento técnico. O Preconceito relativo à técnica nas primeiras civilizações dava-se poi o trabalho mental era mais valorizado em detrimento ao manual. Entendia-se, e isso perdura até hoje, que a técnica era um trabalho menor. A relação produzir/consumir era condenável, pois, produzia-se basicamente para a subsistência e os trabalhos braçais eram delegados aos escravos. O aspecto “religioso” sobrepunha-se ao aspecto “técnico” da sociedade.
Não havia o senso de que o desenvolvimento da técnica melhoraria a vida do homem ou torná-lo-ia mais feliz.
Além disso, as tecnologias produzidas por povos diferentes não podiam ser disseminadas tão largamente, pois carregavam toda a carga cultural e características da civilização a qual pertenciam, assim, a civilização que não estivesse no mesmo grau de civilização ou pensamento, não compartilharia suas tecnologias com outras.
Antes do iluminismo, as sociedades jamais ligaram seu destino ao desenvolvimento tecnológico. Sem a ciência, a técnica não era independente e os seus produtos eram influenciados diretamente pelos homens que as construíam. A estética, por exemplo, influenciava de sobremaneira os objetos técnicos pré-iluminismo, o caráter religioso da sociedade desdobrava-se nos objetos técnicos.
A relação de aperfeiçoamento do uso ao invés de aperfeiçoamento do utensílio. Antes do Iluminismo, os aparatos técnicos eram esgotados em suas possibilidades com diversos usos que o homem poderia fazer dele. Quando a tecnologia entra em cena, cada processo técnico tem um valor específico e altamente especializado, não existe adaptação nem mabealidade do instrumento técnico. “Quanto mais o instrumento deva realizar um trabalho eficaz e preciso, menos polivalente pode ser.”
Antes da ciência se unir à técnica, a evolução tecnológica não era fatal, tal estava submetida a uma decisão do homem. A evolução não era a lógica das descobertas, mas uma interação de uma eficácia com a decisão humana.

Os caracteres novos.
A técnica objetiva e moderna conduz a sociedade a uma unidade impessoal e universal. Caracteres essenciais do fenômeno tecnológico: racionalidade, artificialidade, automatismo, auto-acréscimo, insecabilidade, universalismo e autonomia.
Tudo se reduz a um esquema lógico, matemático, no qual a pessoalidade desaparece.

II – Caracteres da Técnica Moderna.

RACIONALIDADE (Organização Lógica): É, junto com a artificialidade, o caráter mais alardeado da tecnologia. Consiste na redução de toda operação técnica a um esquema lógico, matemático. Tudo pode e deve ser reduzido a um esquema lógico para ser um objeto técnico.

ARTIFICIALIDADE: Transformação da natureza.

AUTOMATISMO DA TÉCNICA: progressão fundamental da técnica que é impessoal e não está subordinado a nenhum sistema que não seja o seu próprio de eficiência. O desenvolvimento tecnológico é absoluto e independente, qualquer tentativa de subordiná-lo a outro sistema é artificial e provavelmente fracassará.

“O automatismo consiste em que a orientação e as escolhas técnicas se efetuam por si mesmas.” O homem não é o agente do progresso técnico, os efeitos do progresso o guiam através da eficiência de seus resultados. Não são escolhidos através de um sistema complexo subordinado ao homem, mas por um sistema intrínseco de sobrevivência do mais eficiente.

A crítica fundamental do Comunismo ao Capitalismo é o freio que o capitalismo impõe ao progresso técnico não lucrativo. De todo modo, o progresso técnico no capitalismo nada tem a ver com a técnica.
O automatismo da técnica é justamente a razão de Marx garantir o fim do sistema capitalista. O Capitalismo simplesmente não conseguirá segurar o automatismo da técnica que pretende tudo enquadrar e que é lei fundamental do desenvolvimento tecnológico. “O progresso se torna automático justamente quando o homem renuncia a controlá-lo, a interferir, para executar ele próprio a escolha.”

“A atividade técnica elimina automaticamente, sem que haja esforço nesse sentido nem vontade diretora, toda atividade não técnica, ou então a transforma em atividade técnica.”

“Encontramo-nos, atualmente, na fase da evolução histórica da eliminação de tudo aquilo que não é técnico.”

AUTO-CRESCIMENTO: “Não é mais o homem gênio que descobre alguma coisa”.
Pode se afirmar que em certo estágio da evolução de um problema técnico, qualquer um que se dedique ao problema encontra a solução.
Existe a crença de que a evolução tecnológica está chegando a um momento de freio físico, freio da natureza, porém essa perspectiva é ilusória já que a técnica continua a desenvolver-se exponencialmente, apenas mudando o foco de sua evolução. O auto-crescimento da técnica está ligado ao movimento da progressão e não a um instrumento técnico específico.
Princípios do auto-crescimento:
1) Em uma civilização técnica o progresso técnico é irreversível.
2) O progresso técnico tende a efetuar-se numa progressão geométrica.
O esforço conjugado e impessoal de milhares de técnicos que asseguram a evolução técnica.
Quanto mais a técnica cresce, mais ela apresenta problema que só podem ser resolvidos pela própria técnica.
“Na realidade, sempre o homem é necessário. Mas qualquer um acabará por desincumbir-se da tarefa, desde que para isso seja adestrado.”
“A técnica é o único lugar onde a forma e o ser são idênticos.”

UNICIDADE (OU INSECABILIDADE): Os caracteres técnicos são idênticos em qualquer instrumento técnico.
A técnica é determinista. Existe a crença de que a técnica e seu uso são independentes, mas esta visão é ilusória e põe em cheque tudo que o autor propôs antes, o caráter exterior (ao homem) e impessoal da técnica.
“A técnica é por si mesma um modo de agir”
Acreditar que a técnica evolui para o bem ou para o mal pela vontade do homem é ilusório. Ela evolui simplesmente por causalidade e dentro de sua lógica seja para o bem ou para o mal.
A técnica é o que é sem juízo de valor e nós temos necessidade de usá-la seja para que fim for. Existe um fator de orientação na técnica que não deve ser descartado, porém, num exemplo, se o governo parasse de injetar dinheiro em pesquisas atômicas a técnica seria interrompida, seja para o bem, seja para o mal.
A técnica conduz por si mesma a certo número de flagelos que não está ligado ao uso que se faz dela, mas à sua própria essência.
Por exemplo, a fabricação do lápis. Necessariamente, para sua criação, foram desmatadas milhares de árvores e isso não é neutro, o uso que o homem fará é que é neutro.
Assim, a técnica ou objeto não são neutros, trazem em si toda uma carga de sua feitura (fabricação) ou idealização dentro de uma cultura ou civilização (mais no caso da antiguidade).
Críticas de André Lemos ao pensamento Elluliano: Faltou ao autor o bom senso de admitir que a técnica não é neutra, ou seja, não depende apenas da ciência, nós é que somos neutros em relação a ela.
A técnica funciona de três formas: tático (uso) / apropriação; retórico; estratégico. Além disso, a técnica também não é totalmente determinante, discordando assim da racionalidade, pois com essa racionalização perdeu-se muito do valor aliado á técnica, pois a racionalização da técnica levava a uma otimização da performance do objeto, o que tirou a própria magia, a mística dos objetos, que está sendo parcialmente resgatado com o design. Entra ai a publicidade, o marketing, etc.

GRUPO 9.

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home