Monday, May 18, 2009

Resenha da aula - 14/05

A aula de quinta-feira (14) começou com uma discussão sobre a questão do direito de imagem. A discussão nos recorda a questão do Google Street View no Japão. No país asiático, milhares de queixas fizeram a empresa a refazer determinadas imagens das ruas, já que muitas pessoas reclamaram que o serviço estava invadindo a privacidade. O Google Street View é um serviço de imagens do Google, onde é possível ver imagens de todas as ruas de algumas das principais cidades do mundo. Nos EUA, por exemplo, o Pentágono proibiu a empresa de fotografar nas proximidades de centros militares, alegando que isso seria uma “pontecial ameaça” a segurança.


O professor André Lemos citou o exemplo dos internautas de Fortaleza que através de uma plataforma do Google Maps, produziram mapas com a localização dos diversos buracos provocados pela chuva na cidade. A produção do mapa conta com a participação de twitteiros, blogueiros, entre outros internautas.

A discussão seguinte surgiu depois da notícia que a França irá bloquear o acesso à internet daqueles que fazem download de conteúdo (filmes e música, por exemplo) ilegalmente. André voltou a falar sobre o projeto de lei do Senador Eduardo Azeredo, que quer monitorar o acesso à internet de maneira repressiva.


Resenha do texto

COMUNICAÇÃO SOCIAL E MUDANÇA TECNOLÓGICA: UM CENÁRIO DE MÚLTIPLOS DESORDENAMENTOS

A exposição de Orozco Gómez se divide em três partes: o contexto de partida e reconhecimentos importantes; abordagens de des-ordenamentos, seus atores sociais e suas práticas comunicativas e, por fim, a relação entre esses des-ordenamentos e seus efeitos no campo da educação. Define, então, sua tese: “... muitas mudanças que estamos presenciamos, e que seguiremos presenciando no futuro imediato, no âmbito da comunicação social, não se devem porém ao potencial tecnológico mais recente, (...) mas, sim, à extensa presença das mídias e tecnologias nascidas no modernidade.”

A nova centralidade do midiático na sociedade do conhecimento e a emergência de um complexo ecossistema comunicativo

É preciso compreender que as mídias e tecnologias de informação criadas e desenvolvidas no século passado não estão superadas, aceitável para os defensores de um evolucionismo tecnológico determinista, mas a emergência de novas formas de comunicar não superam ou substituem totalmente as anteriores. Os meios, velhos e novos, coexistem, relacionando-se na construção de ecossistemas comunicativos cada vez mais complexos e isto por seis razões:
1. Cada meio ou tecnologia não supõe a suplantação do anterior porque sua transformação envolve outros fatores, além dos estritamente técnicos ou instrumentais.
2. Cada tecnologia demanda um tempo de aprendizagem e apropriação por parte dos usuários.
3. As tecnologias demandam uma atenção diversificada para gratificar seus usuários e ainda que o uso de determinado meio aumente não significa que o outro caia em desuso.
4. Cada tecnologia atende melhor à satisfação de uma ou mais necessidades que as anteriores, mas não de todas.
5. Cada nova tecnologia provoca outras mudanças subseqüentes, que também requerem reajustes e reacomodações variados por parte dos usuários.
6. Não há poder aquisitivo para acompanhar o desenvolvimento tecnológico que é oferecido no mercado.
Tudo isso implica numa “síndrome de recomposição”, com a incorporação de novas tecnologias, sem abandonar o ponto de partida e sem resultados imediatos, eles demoram a se manifestar porque não está envolvido somente o processo instrumental, mas sobretudo sociocultural.

Multiplicação dos destempos e as práticas comunicativas

“A rapidez do desenvolvimento tecnológico não acompanha a sua assimilação cultural, nem perceptiva, nem tampouco política, mas, sim, mercadológica, já que, como afirmava Raymond Williams, nenhuma tecnologia chega a constituir-se como tal se não for rentável no mercado (1983).”
Uma mudança social e cultural requer um tempo, e a desconformidade entre o desenvolvimento tecnológico e a vida cotidiana constitui-se como destempo, que supõe ajustes e processos de aprendizagem, diretamente dependentes de políticas públicas adequadas, por parte dos Estados e das instituições, para permitir o trânsito de um meio a outro, de uma tecnologia a outra.
Essa superposição de temporalidades culmina numa cultura de colagem, feita de elementos de diversas etapas, numa manifestação visível das interações, adaptações e fusões que diversos setores sociais fazem do novo, do velho, do imprevisível.
As mudanças tecnológicas então supõem não só a renovação da técnica, mas principalmente a transformação de práticas sociais, das quais se destacam dois componentes: a socialidade e a ritualidade. Por socialidade entende-se o conjunto de negociações para o processo de comunicação criar significados, influenciado pela mediação tecnológica, que afeta quase todas as dimensões da vida individual e coletiva. Enquanto ritualidade abrange os hábitos, os comportamentos e modelos ou padrões interiorizados e reproduzidos, muitas vezes, de maneira automatizada, que supõem familiaridade e tempo.
Esses dois elementos são difíceis de serem modificados porque, quanto à socialidade, as opções se ampliam sob a falsa pretensão de liberdade que os novos métodos de comunicação propõem, mas elas se tornam ainda mais centralizadoras e homogeneizantes e a cerca da ritualidade, esse processo pressupõe tempo e as mudanças serão muito lentamente sentidas.

A explosão das mediações

Para a compreensão do atual processo de mediação não se pode aceitar esse conceito como advindo somente dos meios, mas deve-se considerá-lo como um processo estruturante “que provêm de diversas fontes, incidindo nos processos de comunicação”. Isso faz com que as instituições e as novas tecnologias tenham pesos diferentes no processo comunicacional, no qual é dada uma importância desmedida à mediação tecnológica, agregando imagens, textos, sons num único recurso e transformando a mediação em cada vez mais cognoscitiva.
O estímulo da percepção nos processos de comunicação culminou na autolegitimação da imagem, principalmente da imagem em movimento, processo que, unido ao perceptivo, formam os dois maiores des-ordenamentos comunicativos vigentes.


A audiência como cenário e estímulo à emergente formação de redes

Orozco fala que uma das características das sociedades atuais é o fato de terem conquistado audiências variadas e simultânea de vários meios e com diferentes tipos de referências midiáticas e de tecnologias. O autor nos dá três características:
1 - a transformação da estrutura tradicional eram definidos por gêneros, idade e classe social, por exemplo, e hoje a audiência assume um critério mais transversal de segmentação midiática. Assim, o critério da segmentação tecnológica enfatiza o jogo da subjetividade.
2 - ser audiência modifica também o vínculo fundamental entre os atores sociais. O autor cita a mudança acontece tanto no ambiente tradicional (família e amigos), como nas fontes institucionalizadas (governo).
3 - a terceira característica citada por Orozco é o fato de o estar sendo audiência transtorna também os limites espaços-temporais do intercâmbio societário e deslocaliza a participação real dos atores.


Participação Deslocalizadas

O autor fala da apropriação midiatizadas do temporal-histórico e do espacial-situacional, que inibe outras maneiras de participação e inserção cidadã doa atores sociais. Dessa forma, os atores sociais, enquanto audiência, passam a experimentar de maneira insólita o fenômeno tecnológico que os divide em fragmentos ainda mais entrecruzados em suas segmentações.


Transformações Identitárias

O autor fala da erosão pela qual passam as identidades tradicionais. Antigamente, elas eram definidas por aspectos materiais e físicos. Hoje, no entanto, as identidades são constituídas de mestiçagens e hibridações sedimentadas em manifestações e representações, principalmente visuais.
Para Orozco, "talvez um dos fenômenos mais característicos desta mudança de época, em relação, às identidades, não seja nem sua fragmentação nem sua volatilidade, mas, sim, justamente sua centralidade no reconhecimento e, consequentemente, sua cada vez maior dependência dele". Esse reconhecimento só se torna possível porque a mídia com seus recursos visuais permite ter visibilidade.


Desordenamentos educativos

Do ponto de vista das interações com os usuários, a educação possível e desejável dos sujeitos-audiência comporta um alto grau de incerteza. O autor fala ainda que a “instantaneidade das transmissões televisivas, ao mesmo tempo em que transforma a informação em novidade, a esvazia de historicidade”. A dinâmica midiática altera a história, uma vez que as imagens que aparecem nas suas telas não correspondem as imagens reais dos seus acontecimentos.
A geração de um novo tempo, introduzido midiaticamente que não corresponde aos tempos reais, o que contribui para que se perceba a oferta programática como ficção, ou seja, uma ficção ancorada na fantasia.
O “tempo móvel” possibilitado pela tecnologia leva a audiência em um mar de sensações sem projeção temporal. Esta situação tem repercussões no modo como compreendemos a história, o futuro e o modo como estamos inseridos no mundo. Principalmente com as crianças, que passam a ter dificuldades na compreensão do conceito de tempo, de vida e morte real.
Os destempos também se manifestam na comparação com a vida escolar. Horários fixos, turnos determinados, lugares certos. Voltada ao passado e resistente a olhar todo o presente, a escola pública atual vê ameaçado seu futuro e explode diante das novas mídias e dos novos processos comunicacionais. Internet, chats, redes sociais, TV, sem horários fixos, lugares certos, etc.


Mudanças educativas

Entre as fontes de incerteza estão as mudanças provocadas pela mídia e pelas novas tecnologias, as mudança do conceito de autoridade e as mudança do conceito de aprendizagem.
O autor fala, por exemplo, que o quarto em que se usa o computador e/ou a se vê TV se torna um cenário de experiências e aprendizados. Embora virtuais, transformam-se em lições para a vida.
Aquilo que podemos chamar de sociedade da imagem acaba ganhando um maior valor perante a audiência. O que eu vejo, eu acredito (independente se verídico, ou não). Ocorre aí uma mudança das fontes legitimadoras das aprendizagens.


Para uma mudança de paradigma

No último tópico do texto, Orozco fala sobre o processo de aprendizagem. Ele explica que esse processo ocorre por exploração, e não por imitação, como ainda é (em sua maioria) o sistema de ensino atual.
Ou seja, a partir do momento em que as pessoas começam a descobrir essa possibilidade maior de aprendizagem, através de exploração, simulação, os modelos tradicionais começam a entrar em crise. O autor diz ainda que as figuras de razão e autoridade tradicionais perdem força (saber cânone dos professores, por exemplo).
Para Orozco, as instituições educativas ainda não perceberam o poder dessa nova configuração pela qual estamos passando e, com isso, continuam por insistir somente no aspecto instrumental das novas tecnologias.


Publicado pelo Grupo 4

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