Resenha da aula do dia 30/04
A aula do dia 30 de abril foi iniciada com a apresentação do grupo 10 que explanou sobre o texto “Tecnicidades, Identidades, Alteridades: mudanças e opacidades da comunicação no novo século” de Jesús Martín-Barbero. Logo na introdução, o autor apresenta as reais conseqüências mundiais para os processos, meios e práticas da comunicação a partir de dois fatos: o atentado de 11 de setembro e a realização do Fórum Social Mundial em Porto Alegre. O primeiro causou efeitos diretos aos povos latino-americanos, pois a recessão econômica e a ingovernabilidade política, advindos da lógica da globalização neoliberal, legitima a desconfiança como método e a violação dos direitos à liberdade e privacidade como comportamento “oficial” das autoridades, acarretando no acirramento dos preconceitos étnicos e fanatismos religiosos. O autor, para ilustrar seu pensamento, cita o exemplo da hiperinflação econômica na Argentina nos anos 80, que teve como conseqüências diretas a destruição sistemática de suas instituições políticas e nos anos 90, sob influência do neoliberalismo, a mais cruel depressão econômica e implosão social. O segundo fato analisado, o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, segundo o autor, não foi nada mais do que uma “utopia política de um mundo dos cidadãos e dos povos”. Com o apoio dos grandes organismos econômicos mundiais – FMI, OMC, BM – a comunicação e a educação foram submetidas à lógica globalizadora do mercado. Para a comunicação, Barbero expõe que a proposta em Porto Alegre coloca esse campo como um lugar de dupla perversão e dupla oportunidade. As perversões seriam a fusão dos dois componentes estratégicos da comunicação, os veículos e os conteúdos, que implicam no controle da opinião pública e na imposição de moldes estéticos; e as ameaças às liberdades de informação e expressão, atingindo até mesmo os elementares direitos civis. As oportunidades aparecem quando a digitalização possibilita uma linguagem comum de dados, textos, sons, imagens e vídeos; e a configuração de um novo espaço público e de cidadania. Barbero enfatiza que essa configuração abrange uma pluralidade de atores e de leituras críticas, convergindo para um compromisso emancipador e uma cultura política, na qual a resistência se torna formadora de alternativas. Apoiado no pensamento de Habermas, Barbero propõe duas idéias: pensar a comunicação como motor eficaz do deslanche e inserção das culturas; e pensar o novo mapa desenhado pelas mutações tecnológicas, explosões e implosões das identidades e as reconfigurações políticas das heterogeneidades.
I. A mediação tecnológica do conhecimento na produção social
O lugar da cultura tem se transformado radicalmente por conta de dois processos: a revitalização das identidades e a revolução das tecnicidades. O primeiro possibilitando o reavivamento das questões das identidades culturais (motivo dos mais complexos conflitos internacionais dos últimos tempos) e questões de gênero e idade; e o segundo, introduzindo em nossas sociedades um novo modo de relação entre os processos simbólicos e as formas de produção e distribuição de bens e serviços. A mediação tecnológica da comunicação deslocaliza os saberes, o que vem conduzindo a uma fragilização das fronteiras entre razão e imaginação, saber e informação, arte e ciência.
1. Peculiaridades Latino-Americanas da sociedade do conhecimento
Barbero defende a idéia de que nossas sociedades são consideradas como sociedades do desconhecimento, do não reconhecimento da pluralidade de saberes e concorrências culturais. Ele acrescenta que existe uma subordinação dos saberes visuais e orais à ordem habitual, acarretando em novos modos de produção e circulação de saberes e de novas escritas, especialmente advindas do computador e da internet. Barbero faz uma crítica às nossas universidades que continuam sem se inteirar das estratégicas relações entre aqueles saberes e esta tecnologia, assim como desconhecem a complexidade das relações trançadas atualmente entre as mudanças do saber na sociedade do conhecimento e do trabalho na sociedade de mercado. Isso provoca a limitação do papel das universidades em analisar tendências e se adaptar a elas.
2. Aparição de um meio educacional difuso e descentrado
Barbero apresenta nessa parte como vivemos num ambiente de informação que mistura vários saberes, mas que se encontra fortemente descentrado em relação ao sistema educativo organizado em torno da escola e do livro. E que a diversificação e difusão do saber, fora da escola, são dois dos desafios mais fortes que o mundo da comunicação propõe ao sistema educativo. Porém, ao invés da escola abrir espaço para esses novos saberes, essa adota uma posição defensiva e constrói uma idéia negativa e moralista de tudo que a questiona em profundidade. De qualquer forma, por um lado, os novos saberes contribuem para uma mudança na relação com a máquina, em específico, o computador. Esta nova relação possibilita o processamento de informações, ao invés de objetos. Por outro lado, as redes informáticas mobilizam figuras de um saber que escapa à razão dualista na qual estamos habituados a pensar a técnica, pois configuram ao mesmo tempo integração e exclusão, desterritorialização e relocalização. A mudança explícita nas relações entre cultura, tecnologia e comunicação propõe a reintegração cultural do mundo dos sons e imagens relegado ao âmbito das emoções e expressões. Barbero, neste momento, salienta o hipertexto como aquilo que hibridiza a densidade simbólica com a abstração numérica, fazendo com que as duas partes do cérebro tidas até então como opostas se reencontrem.
3. Mudanças nos mapas trabalhistas e profissionais
Barbero defende que há uma transformação profissional do mapa “moderno” das profissões e da emergência de um outro mapa mais próximo da configuração dos novos ofícios exigidos pelas novas formas do produzir, do comunicar e do gerir relacionados tanto às novas destrezas mentais quanto aos novos modelos empresariais. Por causa destes, um novo estatuto social do trabalhador se apresenta implicando a passagem de um trabalho caracterizado pela execução mecânica repetitiva a um trabalho que exige a capacidade mental. Isso provoca novos modos de fazer, em especial um saber-fazer. Toda essa mudança está atrelada à rentabilidade da empresa, que a todo o momento avalia os resultados e isso traz conseqüências que afetam profundamente a estabilidade psíquica do trabalhador. Um exemplo que Barbero utiliza refere-se à substituição de funcionários antigos por novos, especializados e inteirados com as novas tecnologias. Por isso, Barbero defende que o novo profissional deve estar disposto à permanente reconversão de si mesmo. O sentido do trabalho profissional passa a se vincular a uma criatividade e a uma flexibilidade atadas à lógica mercantil da competitividade que enlaça confusamente saber com rentabilidade.
Durante a apresentação, André Lemos contribuiu com comentários pertinentes acerca de alguns aspectos da contemporaneidade e do tema tratado no texto em questão. A princípio, apresentou o autor Jesús Martin-Barbero como um dos pioneiros dos estudos sociais latino-americanos pós-globalização. Sobre o estudo do autor, expõe que este, em sua primeira parte, aborda a cultura da insegurança, na qual o atentado à privacidade é predominante. A sociedade contemporânea a todo o momento é controlada e vigiada, seja por câmeras de segurança seja pela própria internet. Um exemplo citado pelo professor refere-se ao caso de uma muçulmana que foi expulsa dos Estados Unidos por acessar sites de mulheres-bombas. Percebe-se nesse episódio que a liberdade do usuário foi violada e sua privacidade controlada. André Lemos também fortalece a idéia defendida pelo autor sobre a postura das escolas em geral que se mantém na defensiva em relação aos aparatos tecnológicos. Lemos também alertou que a produção do conhecimento não consiste apenas em você adquirir informações, mas que necessita de uma articulação complexa dessas informações.
A aula foi finalizada e a continuidade da apresentação do grupo 10 foi acordada para o próximo encontro da disciplina.
Grupo 10
I. A mediação tecnológica do conhecimento na produção social
O lugar da cultura tem se transformado radicalmente por conta de dois processos: a revitalização das identidades e a revolução das tecnicidades. O primeiro possibilitando o reavivamento das questões das identidades culturais (motivo dos mais complexos conflitos internacionais dos últimos tempos) e questões de gênero e idade; e o segundo, introduzindo em nossas sociedades um novo modo de relação entre os processos simbólicos e as formas de produção e distribuição de bens e serviços. A mediação tecnológica da comunicação deslocaliza os saberes, o que vem conduzindo a uma fragilização das fronteiras entre razão e imaginação, saber e informação, arte e ciência.
1. Peculiaridades Latino-Americanas da sociedade do conhecimento
Barbero defende a idéia de que nossas sociedades são consideradas como sociedades do desconhecimento, do não reconhecimento da pluralidade de saberes e concorrências culturais. Ele acrescenta que existe uma subordinação dos saberes visuais e orais à ordem habitual, acarretando em novos modos de produção e circulação de saberes e de novas escritas, especialmente advindas do computador e da internet. Barbero faz uma crítica às nossas universidades que continuam sem se inteirar das estratégicas relações entre aqueles saberes e esta tecnologia, assim como desconhecem a complexidade das relações trançadas atualmente entre as mudanças do saber na sociedade do conhecimento e do trabalho na sociedade de mercado. Isso provoca a limitação do papel das universidades em analisar tendências e se adaptar a elas.
2. Aparição de um meio educacional difuso e descentrado
Barbero apresenta nessa parte como vivemos num ambiente de informação que mistura vários saberes, mas que se encontra fortemente descentrado em relação ao sistema educativo organizado em torno da escola e do livro. E que a diversificação e difusão do saber, fora da escola, são dois dos desafios mais fortes que o mundo da comunicação propõe ao sistema educativo. Porém, ao invés da escola abrir espaço para esses novos saberes, essa adota uma posição defensiva e constrói uma idéia negativa e moralista de tudo que a questiona em profundidade. De qualquer forma, por um lado, os novos saberes contribuem para uma mudança na relação com a máquina, em específico, o computador. Esta nova relação possibilita o processamento de informações, ao invés de objetos. Por outro lado, as redes informáticas mobilizam figuras de um saber que escapa à razão dualista na qual estamos habituados a pensar a técnica, pois configuram ao mesmo tempo integração e exclusão, desterritorialização e relocalização. A mudança explícita nas relações entre cultura, tecnologia e comunicação propõe a reintegração cultural do mundo dos sons e imagens relegado ao âmbito das emoções e expressões. Barbero, neste momento, salienta o hipertexto como aquilo que hibridiza a densidade simbólica com a abstração numérica, fazendo com que as duas partes do cérebro tidas até então como opostas se reencontrem.
3. Mudanças nos mapas trabalhistas e profissionais
Barbero defende que há uma transformação profissional do mapa “moderno” das profissões e da emergência de um outro mapa mais próximo da configuração dos novos ofícios exigidos pelas novas formas do produzir, do comunicar e do gerir relacionados tanto às novas destrezas mentais quanto aos novos modelos empresariais. Por causa destes, um novo estatuto social do trabalhador se apresenta implicando a passagem de um trabalho caracterizado pela execução mecânica repetitiva a um trabalho que exige a capacidade mental. Isso provoca novos modos de fazer, em especial um saber-fazer. Toda essa mudança está atrelada à rentabilidade da empresa, que a todo o momento avalia os resultados e isso traz conseqüências que afetam profundamente a estabilidade psíquica do trabalhador. Um exemplo que Barbero utiliza refere-se à substituição de funcionários antigos por novos, especializados e inteirados com as novas tecnologias. Por isso, Barbero defende que o novo profissional deve estar disposto à permanente reconversão de si mesmo. O sentido do trabalho profissional passa a se vincular a uma criatividade e a uma flexibilidade atadas à lógica mercantil da competitividade que enlaça confusamente saber com rentabilidade.
Durante a apresentação, André Lemos contribuiu com comentários pertinentes acerca de alguns aspectos da contemporaneidade e do tema tratado no texto em questão. A princípio, apresentou o autor Jesús Martin-Barbero como um dos pioneiros dos estudos sociais latino-americanos pós-globalização. Sobre o estudo do autor, expõe que este, em sua primeira parte, aborda a cultura da insegurança, na qual o atentado à privacidade é predominante. A sociedade contemporânea a todo o momento é controlada e vigiada, seja por câmeras de segurança seja pela própria internet. Um exemplo citado pelo professor refere-se ao caso de uma muçulmana que foi expulsa dos Estados Unidos por acessar sites de mulheres-bombas. Percebe-se nesse episódio que a liberdade do usuário foi violada e sua privacidade controlada. André Lemos também fortalece a idéia defendida pelo autor sobre a postura das escolas em geral que se mantém na defensiva em relação aos aparatos tecnológicos. Lemos também alertou que a produção do conhecimento não consiste apenas em você adquirir informações, mas que necessita de uma articulação complexa dessas informações.
A aula foi finalizada e a continuidade da apresentação do grupo 10 foi acordada para o próximo encontro da disciplina.
Grupo 10
Labels: Comunicação, Globalização, Identidades, Tecnologias
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