Surplus
Surplus, documentário sueco de 2003, coloca a vida pautada pelo consumismo em evidência. O vídeo mostra tanto o lado capitalista quanto o socialista da sociedade atual, sem entretanto defender ou apontar para nenhum deles. A mensagem que prevalece é a de que o ser humano tem a necessidade intrínseca de consumir e, ao dar vazão a este consumo de forma desenfreada, está alimentando uma condição insustentável para a humanidade como a conhecemos.
“Trabalhar constantemente e consumir constantemente é loucura. Está destuindo tudo”. É assim que John Zerzan, famoso ativista defensor do anarco-primitivismo entrevistado ao longo da fita, justifica os seus protestos: Ele argumenta que 20% da população consome 80% dos recursos do planeta, o que está levando o planeta ao colapso eminente.
Starbucks, McDonalds, ícones do capitalismo, estes são os alvos preferidos das ações de Zerzan. Para ele a depredação como forma de alerta é o único jeito de mudar as coisas. “Óbvio que eu preferiria ações pacíficas. Ninguém se machuca, nada é perdido e todos saem felizes. Mas não é assim que funciona. Só o afronte consegue a pressão necessária para fazer valer a voz do movimento”. Tyler Durden, no filme Clube da Luta, não sintetizaria tão bem as suas idéias.
Enquanto ativistas quebram o pau com a polícia do lado de fora, dentro do G8 os maiores líderes do capitalismo repetem em uníssoro o discurso do consumo. É engraçado como o documentário coloca todos os chefes de estado para dizerem literalmente a mesma coisa.
Para mostrar o outro lado da moeda somos levados a Cuba. O (até então) líder Fidel Castro discursa para as multidões que seu país é o mais democrático do mundo. Democracia ditatorial, só se for. As cenas mostram que a população cubana recebe uma espécie de tabela com cotas de consumo para os bens essenciais. Como não há concorrência, não há marcas para os produtos. São “eles” que decidem o que a população precisa. De fato, um universo competamente diferente da competição consumista que vemos no resto do planeta.
Mas será que é isso mesmo que o povo cubano quer? Uma garota que acabou de voltar da Europa mostra que não é bem assim. Ainda que não diga isso, fica evidente o fascínio que o modo de vida europeu exerceu na jovem. Burger King, McDonalds, os olhos dela brilham ao falar nessas marcas, contrapondo com o “arroz com feijão” de todos os dias cubano.
Tanto faz se do lado liberalista de bush ou estatal de Fidel, em essência os discursos dos lideres mundiais soam iguais: defender o sistema que os colocou no poder. A conservação do planeta fica em segundo plano frente à necessidade de perpetuar o modo operante vigente.
Em meio a essa visão pessimista e determinista, nos restariam duas alternativas: ou nos juntarmos a John Zerzan na luta pela quebra dos alicerces da sociedade contemporânea, ou pensarmos com boa vontade na possibidade de George Carlin (veja abaixo), no fundo, estar certo.
Grupo 8
Labels: anarcoprimitivismo, consumismo, surplus
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