Tuesday, November 17, 2009

Resenha da aula de 17/11 - Jornalismo Móvel

Nesta terça, o professor Fernando Firmino, orientando de doutorado do professor André Lemos, co-orientado pelo professor Marcos Palacios, realizou uma aula expositiva sobre o tema de sua pesquisa, o jornalismo móvel. Em conjunto com a pesquisa, Firmino também desenvolve um blog dedicado ao tema, o Jornalismo Móvel.

Firmino iniciou sua aula falando sobre os softwares que são incorporados aos dispositivos móveis (hardwares), que permitem a produção, a distribuição e o consumo de conteúdo em mobilidade. Entre estes aplicativos, podemos destacar QIK, Seero ou aplicativos para publicação via celular, usados por plataformas como Wordpress (para iPhone e Blackberry) e Twitter. No caso do Twitter, também é possível destacar os usos do Twitpic.

Firmino explicou que o grande diferencial do jornalismo móvel em relação ao tradicional é a possibilidade de produção e distribuição de conteúdos em mobilidade. O uso de dispositivos móveis (netbooks e celulares), que se conectam a redes (wi-fi, Bluetooth, 3G) permite transmissão praticamente imediata de qualquer conteúdo produzido por qualquer pessoa e, no caso do jornalismo móvel, conteúdos produzidos pelos repórteres. Além disso, o jornalismo móvel tem uma enorme facilidade logística: o uso de equipamentos é bastante reduzido, se comparado com o que uma reportagem para televisão demanda, por exemplo. O modelo de transmissão móvel da agência Reuters é um parâmetro interessante para entender melhor como se faz uma transmissão de alta qualidade, utilizando apenas dispositivos móveis. No entanto, não é incomum que jornalistas usem apenas um celular com câmera e que se conecte à internet para fazer reportagens.

A partir das questões sobre velocidade e facilidade logística de transmissão de conteúdos, outro fator interessante que concerne ao Mobile Journalism (MoJo) é seu uso corriqueiro na cobertura ao vivo de eventos, sobretudo aqueles inesperados, como acidentes e tragédias. Porém, muitas vezes não são os jornalistas que iniciam a cobertura. A liberação do pólo emissor no ciberespaço, apontada por André Lemos no artigo Cidade e mobilidade. Telefones celulares, funções pós-massivas e territórios informacionais, favorece a colaboração das pessoas que estão do lado "de lá" da rotina jornalística. A primeira foto do acidente do avião que caiu no rio Hudson, em Manhattan, foi tirada por celular e enviada quase que instantaneamente para a rede, através do Twitpic. Aqui em Salvador, cidadãos também utilizaram celulares para trocar mensagens via Twitter e se informarem dos problemas da cidade, em um chuvoso e caótico dia de maio. Apesar de a qualidade das imagens feitas no celular não serem tão boas, se comparadas com as imagens de televisão, isso nem sempre é o fator mais importante para determinar o que merece atenção jornalística. Para a editora do setor online do Jornal do Commercio, de Recife, em vídeo exibido pelo professor, muitas vezes o que importa é o fato jornalístico, e a exclusividade de algumas imagens as torna mais procuradas pelo público.

Eventos festivos, como o carnaval, também já funcionaram como palco de experiências do jornalismo feito através de celulares. Firmino mostrou parte de sua pesquisa, no JC, que fez uma cobertura minuto a minuto do carnaval pernambucano através do CoverItLive, com imagens enviadas das ruas diretamente de cinco celulares. Por sua vez, o carnaval baiano também foi coberto através de celulares pelo A Tarde Online. Ambas as corporações tem portais com conteúdo dedicado exclusivamente a celulares: o JC Mobile e o Mobi A Tarde.

As tecnologias digitais móveis também vem reconfigurando os aspectos trabalhistas. No âmbito do jornalismo móvel, o repórter está cada vez mais tempo fora das redações dos meios de comunicação. Fernando explicou que hoje os repórteres não precisam mais voltar à redação para finalizar e publicar suas matérias: muitas vezes eles fazem todo o trabalho e o enviam para seus editores do local em que fizeram a reportagem. Firmino explicou, com a ajuda da entrevista feita ele com a editora do JC Online, que é prática comum no jornalismo móvel que o repórter seja uma espécie de "faz-tudo". Apenas um repórter tem o dever de fazer toda a cobertura (texto, fotos, vídeos, áudios e edição de todo o material), o que acaba por restringir a oferta de vagas de trabalho e até mesmo sobrecarregar um único trabalhador.

No fim da aula, Firmino fez uma importante ressalva. Apesar de utilizar conteúdo multimidiático, o jornalismo móvel é diferente do jornalismo multimídia. Este último apenas utiliza a narrativa hipertextual, prescindindo da conexão instantânea com a internet. O jornalismo móvel só existe a partir do momento em que a produção e a distribuição dos conteúdos ocorrem através das redes.

Grupo 8

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