Friday, October 23, 2009

Eugene Kaspersky, especialista em segurança na internet, defende o "passaporte da Internet"

Muitas são as discussões que travamos em sala de aula sobre a segurança e vigilância na Internet. O projeto do Senador Azaredo, para mim, não é mais o único que queira essa limitação, esse controle.

Hoje, 23/10, no site do G1 na parte especial sobre Tecnologia, foi publicada uma entrevista com Eugene Kaspersky, diretor executivo da empresa de antivírus que leva seu sobrenome. Para ele, a Internet deveria ter um "passaporte" de acesso, onde as pessoas fossem identificadas para terem o uso liberado. Segundo o especialista, o grande problema está no anonimato. Sendo mais objetivo, Kaspersky afirma que uma das coisas que ele mudaria para a segurança da informação seria o design da Internet.

Afirma na entrevista:

“Todo mundo deveria ter e precisar de uma identificação, ou passaporte de internet. A internet foi desenvolvida não para uso público, mas para os cientistas e o exercício dos Estados Unidos. Esse era um grupo limitado de pessoas – centenas, ou talvez milhares. A internet foi liberada para o público e foi errado introduzi-la do mesmo jeito”,

Ele ainda defende a regulamentação da Internet pelos países. E aqueles que se recusassem ou não seguissem as regras , criando os "passaportes" de acesso seriam "desconectados".

A publicação de suas afirmativas levantaram muitas criticas. Inclusive a de que países autoritários poderiam se aproveitar para restringir a liberdade de expressão de seus internautas. Kaspersky publicou explicações adicionais no site da própria empresa, que está em inglês (nada que um tradutor não ajude para quem não domina a língua entrangeira). Tais explicações são a parte mais importante do post.

A reportagem original você pode conferir aqui.

Grupo 9

A people's history of the internet: from Arpanet in 1969 to today | Technology | guardian.co.uk

Thursday, October 22, 2009

MUDANÇA DE SALA

Por favor, avisem aos colegas.

A disciplina COM104-Comunicação e Tecnologia foi transferida da Sala 103 do PAF III para a sala 207 do PAF I.

Insensatez por insensatez...

Surplus é um documentário polêmico produzido em 2003 por Eric Gandini que discute as contradições deste sistema tecnicista e consumista que vivemos.

O grande mérito do vídeo é seu poder de instigar o debate nos mostrando as contradições do avanço tecnológico que dizem ser a salvação da humanidade, em quanto pode ser seu próprio algoz. Mesmo a tecnologia sendo inerente ao ser humano desde os primeiros dias de sua existência terrestre, o que vivemos hoje é um tecnicismo desenfreado que tenta recriar uma natureza ideal de confortos e possibilidades infinitas; “é tempo de mentes sem fronteiras”

Para Bill Gates, a tecnologia aproximaria as pessoas, o que é verdade. Com as redes sociais que são tecidas nas comunidades virtuais a probabilidade de haver comunicação aumenta bastante. O Orkut, o MSN, o Facebook e etc. facilitam o contato e possibilita o rompimento do isolamento que todos nos estamos condenados nesta segunda cultura – a cultura artificial. Contudo, a mesma internet que aproxima as telinhas, afasta os corpos. Está certo que encontros são marcados via email, mas não está errado dizer que cada vez mais pessoas deixam de sair de suas casas pra ficarem conversando pelo computador – até porque “teve um assalto ontem no Rio Vermelho e minha mão disse preu ficar em casa”.

John Zerzan é um entusiasta contra a tecnologia e a globalização, que busca viver a par do mundo contemporâneo. Alguns de seus posicionamentos podem parecer insensatos; “- como querer voltar à idade da pedra? Destruir prédios não leva a nada!”, se questionariam alguns. Contudo, seu posicionamento não é mais insensato do que o próprio sistema em que todos nós estamos imersos. Afinal, quem souber para onde caminha humanidade, favor nos adicionar no MSN – temos muito que conversar.


grupo 3

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Reflexões sobre Surplus

Surplus é um filme que não segue apenas um caminho de se viver. Mostra os dois viés, dos capitalistas consumistas querendo lhe empurrar toneladas de produtos a cada hora, assim como os socialistas com sua defesa do não-consumismo e sua pseudo democracia.
Apesar de serem sistemas opostos, os dois fazem uso de um discurso e de meios
de comunicação para divulgar suas idéias. O diretor faz uso do próprio recuso de áudio e vídeo para demonstrar o forte poder da mídia e de seus discursos ideológicos. O jogo de cena e imagens prendem a atenção do telespectador, não deixando fugir o olhar.
No geral, o discurso do bloco capitalista é igual ao do socialista e vice-versa. Os dois tentam arrebatar seu público, sempre fazendo a relação entre dominador-dominado, mantendo uma ordem estabelecida, seja consciente ou inconscientemente. Com esta contraposição mostrada não dá para simplesmente eleger um sistema melhor. O nosso mundo é muito mais complexo, não dá para escolher qual o sistema está correto, se o dos EUA ou de Cuba. A globalização borrou os limites, ao mesmo tempo em que estamos todos envoltos numa mesma teia, estamos também em um domínio desigual. Somos levados para um mundo onde cada vez mais precisamos de mecanismos globais, mas que mesmo tempo não consegue tornar o mundo mais igualitário.

E no documentário também tem idéias, digamos que, utópicas, como a de Zerzan.. Para ele, alcançar a felicidade é sair deste mundo equipado em que vivemos hoje e voltar para o estágio primordial, sem aparatos tecnológicos nem cobranças de comportamentos. Para Zerman, as pessoas estão presas a este sistema, são reféns da tecnologia e de toda a lógica que ele impõe aos homens. A visão dele é bem extremista e utópica. Não vemos como poderíamos voltar para um estágio sem tais aparatos. Parece mais sensato tentar rever os usos de tais e se apropriar destas tecnologias de forma sustentável e que traga novas significações.
Grupo 4

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"Rice, beans... rice and beans!"- uma reflexão sobre o documentário “Surplus”.

'Surplus' (Terrorized Into Being Consumers, 2003) é um documentário sueco que analisa o modo de vida da sociedade contemporânea vive. O diretor italiano Erik Gandini viajou durante três anos para diversos países- como Cuba, Índia e Eua- para representar a ordem sob a qual vivemos. Amplamente divulgado pela Internet, o documentário questiona principalmente a lógica do consumo na qual a humanidade está inserida.

Produções em série, governos ditatoriais, guerras civis e a hegemonia de grandes empresas no mundo são umas das diversas questões que são sobrepostas na abordagem sobre o mundo atual. O principal teórico do movimento anti-civilização, John Zerzan, pontua boa parte das reflexões sobre a sociedade do consumo ao longo do filme. Referido por muitos como “anarco primitivista”, Zerzan ganhou destaque a partir da década de 1980 e os seus argumentos se baseiam na defesa de uma volta ao primitivismo pelo homem.

Os aparatos tecnológicos são postos pelo documentário como criadores de novos desejos de compra. O argumento que condena então a tecnologia é o de que a evolução tecnológica deveria libertar o homem, diminuindo o seu trabalho. E o que acontece é que estamos cada vez mais dependentes destas ferramentas técnicas para executarmos tarefas. Isso não é necessariamente ruim, assim como não é brutamente negativo o fato de sermos uma sociedade do consumo.

O ponto é o que o documentário acaba por cair na dicotomização de um mundo onde existem os “espertos” que produzem propagandas para o consumo e o “homem passivo” que as consome sem maiores questionamentos. Ora, todos sabemos que a questão não deve ser vista assim de forma tão simplista. Não existe somente “dois lados da moeda” e muito menos produtores e consumidores no mundo de hoje. Todos consumem informação e todos são capazes de produzí-la e distribuí-la. A experiência da web nos prova justamente isto.

A grande questão é que nós, seres humanos, somos movidos pelo desejo. Como já pontuaram diversos estudiosos, o desejo é humano, puramente humano. O desejo (D.: Wunsch), tal como é entendido pela psicanálise, não é a mesma coisa que a necessidade: enquanto a necessidade é um conceito biológico, natural, o desejo é da ordem psíquica. Portanto, o desejo, assim como a pulsão, nos diferencia dos animais, uma vez que estes são seres de puro instinto, seres de necessidade.

Para Freud, o desejo é o que põe em movimento o nosso aparelho psíquico e o orienta segundo a percepção do agradável e do desagradável. Indo além, o desejo é o próprio meio de se chegar à felicidade. O problema é que sempre adiamos a satisfação do desejo de forma que nunca a atingimos: o desejo, então, é uma busca pelo impossível, segundo a psicanálise.

Os nossos desejos são, sem dúvida, mais explorados nesta “era da imagem técnica”, onde os nossos sentidos são reconfigurados cotidianamente. É o que expõe Vilém Flusser no seu livro O mundo Codificado. Para Flusser, foi a partir da necessidade de se comunicar e de registrar o seu legado para as gerações futuras que o homem desenvolveu símbolos e códigos através dos quais pudesse expressar os seus desejos e inspirações.

Na nossa sociedade do consumo, o desejo funciona ainda mais como combustível. A garota cubana que descreve a sua experiência de ter ido à Inglaterra talvez seja quem representa melhor no filme essa questão fundamental. É a partir do seu depoimento entusiasmático sobre consumir “a super Mac, a big ,big, Big Mac!” que percebemos por que, por um lado, não faz sentido para o homem estar inserido num sistema político onde seus desejos não possam ser sanados. Para a garota, não fazia sentido comer arroz e feijão num lugar onde ela poderia consumir fast food- uma vez que um Bic Mac lhe era configurado como um objeto de desejo, por assim dizer.



É neste ponto do documentário onde se consiste a relativização dos contextos contemporâneos anteriormente expostos. Não mais caímos no pensamento de Zerzan onde o fim do consumo é a solução para este tal “excedente”- como sugere o próprio título ‘surplus’- em que se vive.

Assista ‘Surplus’ aqui.

Grupo 2.

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Wednesday, October 21, 2009

Comentário sobre Surplus

O documentário exibido em sala, Surplus: Terrorized Into Being Consumers, tem alguns pontos bastante questionáveis.

1º : A defesa entusiasmada do vandalismo como forma de protesto e resistência popular frente às arbitrariedades e injustiças perpetradas pelos poderes político e econômico.

John Zerzan, um teórico anarquista que defende idéias insensatas com um risível tom de superioridade, parte do pressuposto equivocado de que só existe violência se ela for praticada contra um ser humano. Para ele, a destruição de bens materiais não é violência, mas sim uma maneira válida de se vingar da exploração das grandes corporações, do progresso tecnológico, da “opressora” sociedade industrial, do consumismo desenfreado etc. Em síntese, é uma visão estúpida e contraproducente porque ancorada na defesa da bárbarie como arma para combater os diversos tipos de violência e subjugação. Zerzan parece desconhecer os feitos e o legado de Gandhi. A retórica pacifista e inteligente, aliada à desobediência civil, trouxe e pode trazer resultados muito mais significativos. A violência enfraquece e, por vezes, anula a argumentação, atrai a aversão dos meios de comunicação e da opinião pública e, em última instância, gera efeitos contrários ao que se pretendia.

[...]

O filme é bastante radical em diversos aspectos evidenciados. A tecnologia não foge a essa abordagem extremista. O enredo coloca o desenvolvimento tecnológico como uma ferramenta que afasta um indivíduo do outro, visto que a ultrapassagem dos limites de espaço e de tempo, mascarada pela idéia de facilitar a comunicação, compromete o convívio entre as pessoas. Ou seja, as pessoas não mais se deslocam para poder se relacionar, pois existem meios para que haja troca de informações, sem necessariamente haver um contato direto.

Essa é uma visão que deve ser analisada, na medida em que as pessoas, de fato, estão perdendo a idéia de contato imediato para poder efetivar uma relação. Entretanto, ao superar os fatores espaço e tempo, as novas tecnologias também proporcionam maior significação de conteúdos, o que facilita a aproximação entre diversas pessoas nas variadas partes do mundo. Nosso contato com a informação é muito maior e a possibilidade de intercâmbio cultural é vasta, o que contrasta com a idéia de puro isolamento que o filme tenta passar.

[...]

Surplus traz uma visão demonizada e unilateral sobre o consumo. O documentário ignora todos os benefícios e avanços propiciados por um modelo capitalista de sociedade. Ignora, por exemplo, o valor social que os produtos possuem. Filmes ou livros “consumidos” são matéria-prima para conversas, reflexões e desenvolvimento de novas idéias. Eles permitem o surgimento de espaços e momentos de socialização, no qual as pessoas compartilham experiências utilizando o seu capital intelectual que é construído também através do consumo.

Outro aspecto positivo que se pode destacar na lógica capitalista de produção é o desenvolvimento das tecnologias e da ciência. O lucro é um dos combustíveis que estimulam as inovações em ambos. Há um ciclo, o consumidor compra o produto, gerando lucro para a empresa e possibilitando o surgimento e o avanço das tecnologias que futuramente irá comprar. Ao mesmo tempo em que as pessoas são submetidas a esse ciclo interminável de compra, as inovações trazem melhorias para a qualidade de vida e multiplicam as possibilidades de realização das mais diversas tarefas diárias.

[...]

Ao mesmo tempo que situa o consumismo como a grande mazela da humanidade a ser combatida, apresentando-o como elemento primordial de sustentação de um sistema nocivo à natureza e opressor das nações subdesenvolvidas, o vídeo sugere soluções extremas e, porque não dizer, levianas e excessivamente românticas. Os recortes e manipulações de áudio e som feitos nos discursos dos representantes das grandes corporações e dos países centrais, de um lado, e a aura paternalista e protetora do discurso de Fidel Castro, de outro, podem ser interpretados como uma tentativa de substituir toda a complexidade do assunto por um maniqueismo reducionista.


Essa concepção que contrapõe o demônio do consumismo, da tecnologia e da sociedade industrial ao deus do igualitarismo e da vida bucólica pré-industrial não contempla as contradições internas de cada um dos caminhos: ou se torna peça de uma engrenagem que existe por si só e objetiva se manter viva oferecendo prazeres efêmeros, ou se abre mão da diversidade em nome de uma coletividade homogênea e mediana.


Grupo 06

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Resenha - Surplus: Terrorized Into Being Consumers

Surplus: Terrorized Into Being Consumers é um documentário criado nos Estados Unidos em 2003 que traz à tona as consequências da sociedade de consumo em massa, além de trazer Jonh Zerzan como uma referência de crítica ao consumo exagerado.

Segundo o vídeo, hoje em dia não se fala mais em ciência, mas em sistema. Este é o responsável por todo controle mundial de pessoas e máquinas. O sistema é responsável por toda dominação e regulação da sociedade, ele é quem dita e controla as regras.

Para falar sobre a questão do consumo, o diretor Erik Gandini coloca depoimentos de uma cubana adepta ao consumismo e de um responsável por uma fábrica de bonecas. O consumo está atrelado ao sentimento de liberdade, de livre arbítrio. As pessoas possuem o poder de escolher o que e como querem fazer as coisas. Mas Zerzan vai contra esta ideia, alegando que hoje em dia quando se trata de consumo, existe apenas a liberdade na escolha de marcas. A sociedade precisa consumir tais produtos, a única variação é a sua origem (e olhe lá!). E consumir, significa excesso, compras demasiadas. A utilização de produtos é invariável, independente da necessidade do homem e da sua condição seja ela financeira ou geográfica.

Jonh Zerzan também traz para o documentário, a sua descrença nas manifestações, alegando que cartazes e mobilizações não alcançam os devidos objetivos, mas sim a forma pacífica, onde todos fiquem em suas casas assistindo à MTV. Na verdade, o escritor se torna descrente de todas as formas de consciência, mobilização social e auto-domínio, quando diz que a sociedade está voltando ao primitivismo. Na visão dele, as máquinas estão dominando o universo e as pessoas mantém-se inertes a essa "tecnologização" da humanidade. Zerzan acredita que o homem é um ser passivo e incapaz de desconstruir os paradigmas da nova sociedade de consumo, a qual está levando todos à decadência e a falta de auto-controle.

O Vídeo relativiza a questão da Cultura de Consumo, que hoje em dia explica claramente o desejo "exorbitante" que a sociedade possui de comprar. Consumir é a palavra chave para todos os problemas, pois consumindo o indivíduo gera riquezas e faz com que a economia esteja sempre em alta e a favor daqueles que detém do poder do domínio da criação dos produtos.

No documentário fica clara a oposição entre realidades sociais e o consumo. Aquele que mora na Suíça, que nasceu rico, sem problemas com educação, moradia, alimentação e outros problemas facilmente encontrados em países emergentes, tem a preocupação em saber como utilizar o seu dinheiro. Eles precisam de um "emprego", algo que o salve do ócio, portanto já que não há nada a fazer, o índice de suicídio está cada vez mais crescente no país. Já aquele que mora na Índia, que precisa acordar muito cedo (trabalhar em condições sub-humanas) e possuem dificuldades com alimentação e educação desde quando nasce, luta pela sobrevivência, ganhando pouco para o sustento da família, esvaindo-se em dias e dias num trabalho braçal, onde são obrigados a desmontar sucatas para extrair aço.

Bush, Fidel Castro e Bill Gates são algumas das celebridades que aparecem no Vídeo relativizando o problema da sociedade de consumo e as consequências trazidas por ela para a natureza. Bill Gates diz que o "Computador é a melhor ferramenta de socialização". Com esta frase ele conseguiu abarcar o mundo com seus programas, socializando uma tecnologia que vista por Zerzan significa a causa da decadência da sociedade e para o resto do mundo é a salvação da humanidade.

No final ficam as dúvidas: Pra que e porque nós consumimos? Para que existe a técnica? E o homem, o que ele tem feito contra/a favor disto? O que é felicidade? Responder a estas questões envolve a dinâmica da tecnologia e a capacidade do indivíduo em relativizar o porquê de tudo.

Grupo 05




Resenha - ‘Surplus: Terrorized Into Being Consumers’

Pode-se dizer que ‘Surplus: Terrorized Into Being Consumers’ (2003), documentário dirigido pelo italiano Erik Gandini, está recheado de ironias contra a modernidade e as formas do capitalismo atual. ‘Surplus’ é uma palavra francesa que significa ‘superávit’ e o dicionário a define como: ‘excesso das receitas sobre as despesas’.

Portanto, a proposta do filme está instalada desde o seu título: falar-se-á sobre gastos, despesas e consumo – palavras chaves para o capitalismo. ‘Surplus’ trata dos rendimentos do homem ao consumo e como existe um sistema por trás que trabalha para estimulá-lo.

Nos primeiros minutos, vê-se um grupo neo-ludistas protestando e destruindo propriedades, contra o capitalismo pelas ruas de Gênova, enquanto acontecia a reunião do G-20. O neo-ludismo já é tido como um conceito político e refere-se a todos aqueles que se opõem ao desenvolvimento tecnológico ou industrial.

Depoimentos de John Zerzan, considerado o pai do ativismo Black Block, são mostrados a partir de então. Para ele, o mundo só poderia ser salvo se voltasse à idade da pedra. Tudo pode ser resolvido quando as indústrias forem destruídas. Ele defende a volta ao neolítico: onde o controle dos meios de produção não esteja restrito a esses poucos, que negociam as coisas com base no valor de troca.

Zerzan não acredita nos protestos pacíficos. Para ele, esse tipo de protesto se reduz a ‘segurar uma placa’ e não adianta para nada. Por isso, defende os danos limitados à propriedade. Tudo reduz a individualidade. Ele considera que o consumo é danoso e deve parar porque é degradante: “o desejo de consumo te aterroriza”.

Um discurso de George W. Bush é mostrado, repetidamente, onde ele diz: “Não podemos deixar que o terrorismo não nos deixe consumir.” Com isso, o filme deixa claro: é assim que raciocina a sociedade americana e os seus governantes - é o consumo que está em primeiro lugar e o modo de vida transnacional deve ser o modelo imposto pelos Estados Unidos.

Os dados que o documentário traz mais tarde também colaboram: 20% da população mundial consome 80% dos recursos planetários. Um americano consome 5 x mais que um mexicano, 10 x mais que um chinês, 30 x mais que um indiano. As proporções são diferentes, e aí entram variantes como realidade cultural, econômica e política, mas todos consomem.

Gandini consegue construir enunciado irônico com falas cortadas de presidentes e chefes de grandes empresas a favor do consumo. Os discursos são apresentados como uma propaganda televisiva, com imagens onde a platéia ri e aplaude para o que lhe é colocado. Mas é assim que funciona a sociedade contemporânea? Os estímulos são apresentados, o desejo de consumo é instalado e como na “Bullet Theory” todos se rendem e reagem automaticamente, como seres autômatos, ao que lhe é imposto?

Sim, todas as pessoas, desde o seu nascimento, são constantemente estimuladas a consumir e a entrar num sistema no qual é o ‘o que se tem e o que se consome’ que indica a sua posição. Mas, vale ressaltar que o consumo do qual ‘Surplus’ trata não é o consumo que propicie satisfação, é o consumo que precisa criar mais e mais necessidades. O exemplo que ilustra muito bem a necessidade de consumo que é criada e se instala é a cubana Tânia. Ela viajou para a Inglaterra, gosta de consumir e comer fast-food. O sistema em que ela está se inseriu, propiciou que ela se deslumbrasse pela realidade capitalista de que tudo é acessível e deve ser comprado.

Serialização e padronização associadas ao consumo também não ficam de fora em ‘Surplus’. Em determinado momento do vídeo, pode-se assistir à apresentação de bonecas eróticas serializadas e feitas ao gosto do cliente. Elaboradas com os mais modernos materiais, elas imitam um corpo real. Todas essas bonecas são produzidas com base nos padrões capitalistas de beleza, de corpo e fica claro que até o sexo está rendido às regras impostas por consumo que deve ser massificado.

Nesse contexto, podemos ilustrar com o que Vilém Flusser traz no livro O Mundo Codificado: “Certamente existem também relações ‘naturais’ entre os homens, como a relação entre a mãe e o lactante ou então uma relação sexual, e pode-se afirmar que essas seriam as formas de comunicação mais originais e fundamentais. Mas elas não caracterizam a comunicação humana, e são amplamente influenciadas pelos artifícios, são ‘influenciadas pela cultura.” O sexo, então, estaria condicionado pela cultura. E na sociedade capitalista e do consumo, bonecas eróticas e serializadas estão de acordo com a realidade compartilhada.

Gates declara que o computador serve para aproximar pessoas entrando em choque com o discurso de Zerzan: ele afirma que é uma peça para racionalizar, isolar e colocar a eficiência sobre a diversão. Nesse momento, discussões sobre a comunicação e o uso dos aparatos tecnológicos podem ser despertadas. A modernidade serve para estimular o afastamento e reduzir a proximidade. Mesmo que a comunicação seja improvável, busca-se por essa comunicação e uma necessidade de romper o isolamento. A tecnologia, aqui representada pelos computadores, então, propicia o maior isolamento ou permite que o constrangimento do afastamento seja reduzido?

Fazendo referência, novamente, às ideias expostas por Vilem Flusser pode-se dizer que é o fim das diferenças, mas também o fim das liberdades, como a de escolha por exemplo. Flusser diz no seu ‘Mundo Codificado’ que temos a ilusão de poder escolher, quando, na verdade, só escolhemos dentro de opções pré-estabelecidas. Como trazido em ‘Surplus’, a nossa liberdade é escolher entre as marcas A, B ou C.

Há, portanto, uma crise de fronteiras de todos os tipos com a globalização. A individualização versus a homogeneização. Qual o limite do Estado-Nação? Não existem mais fronteiras, sejam elas econômicas, políticas ou culturais. Houve uma quebra dos limites da geopolítica comum.

E o indivíduo? O que é? Hoje ele é bombardeado por informações que vem de todos os lados e acredita ter a liberdade de escolher. Mas, é preciso reforçar: o extremismo ideológico não adianta mais – a nossa Era é mais complexa.


Grupo 8

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Resenha vídeos

O primeiro vídeo, que mostra o manifesto Unabomber, alega que a revolução industrial foi um desastre para a humanidade, e destruiu a liberdade do indivíduo e a esperança. Esse pensamento deve ser relativizado. De fato, há uma menor liberdade do homem ao depender da tecnologia para pensar, para se relacionar e ao não conseguir viver sem as invenções tecnológicas, mas também há um aumento da liberdade de expressão, difusão de opinião, de mobilidade e de romper constrangimentos de tempo e espaço.

O segundo vídeo, Surplus, aponta os problemas atuais do consumismo, e faz uma crítica ao mundo tecnológico, mostrando a dicotomia entre o futuro tecnológico ser de caráter aproximador e distanciador de pessoas. Idealiza um novo mundo sem poluição, desperdícios e para isso seria preciso destruir a técnica, as máquinas e as indústrias. Um questionamento interessante levantado no vídeo é: E se toda tecnologia fosse destruída, como o homem viveria? Sem carros, prédios, computadores, celulares. É difícil de imaginar.

A técnica pode ser mal utilizada, para guerras e o controle territorial, mas também possui benefícios, como a inteligência artificial, o surgimento do computador, etc. O mundo estaria fora de controle. Isso seria um reflexo da entropia de qualquer sistema, o desequilíbrio. A destruição da natureza pela técnica trouxe pobreza, atraso, dívidas. E tudo isso foi a troco do quê? Qual o sentido disso? Isso nos remete a ideia levantada no texto de Ellul: a técnica tem um fim em si mesmo.

O vídeo traz o depoimento de John Zerzan, que trabalha com o processo de origem e as consequências da indústria de massa, que defende a idéia da recuperação da cultura através do retorno ao primitivismo. Zerzan afirma ainda que violência não é causar danos a prédios e carros, mas sim ficar em casa, inerte, vendo MTV e comendo MC Donald’s.

Surplus demonstra a crise do homem e de seu estar no mundo, apontando uma cubana que sonha em mudar sua rotina, e um sueco milionário, que busca viver “alternativamente”. Fica a pergunta: qual a razão de tanto consumismo, das técnicas construídas, se o homem não consegue se sentir satisfeito? Se a solução fosse o menor consumo, a Tania de Cuba estaria feliz e não ficaria realizada com sua viagem à Europa e com seu Big Mac. Assim como ter todo o dinheiro do mundo, para o sueco, não faz sentido algum e talvez não fosse necessário.

O vídeo mostra ainda uma loja que confecciona bonecas e bonecos, e essa cena nos remete a ideia de Flusser, de que a técnica tem se aperfeiçoado tanto que está cada vez mais se assemelhando ao real. Tudo pode ser comercializado, e existem nas grandes cidades, em meio a tanta gente, pessoas solitárias A experiência que pode ser obtida, segundo o desenvolvedor dos bonecos, é praticamente a mesma (relacionada ao tato) do mundo real, como se o consumidor não percebesse a artificialidade daqueles objetos. Há cenas com ângulos mais fechados que, se o receptor não soubesse previamente que eram bonecos, facilmente se confundiria com pessoas reais.

Há um grande discurso democrático e otimista no desenvolvimento de novas tecnologias, como o computador e o celular, mas o seu uso que vai determinar se o projeto inicial é de fato o que foi prometido. A promessa de liberdade e de menos trabalho foi relativizada no filme com a impossibilidade de se afastar dos aparelhos e não ser controlado pelo trabalho. Assim como a promessa de sociabilidade é contraposta com as pessoas passeando no shopping sem interagir nem conhecer umas as outras. Embora, assim como a comunicação, haja, com as novas tecnologias, uma potência social e conversacional maior - porém só seu uso que vai determinar aumento ou diminuição de sociabilidade.

Grupo 7

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Cibernética

Amanhã, continuação da aula sobre Cibernética.

Para animar vejam o post do Rizome sobre o tema.


Brian Eno, Peter Schmidt, and Cybernetics

By Geeta Dayal on Wednesday, October 21st, 2009 at 1:00 pm.

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Image: Cover of Brian Eno's 1974 album "Taking Tiger Mountain (By Strategy)"

Cybernetics is one of the most widely misunderstood concepts. The word itself seems sinister and futuristic, but the term has ancient roots – the Greek word kybernetes, meaning steersman. Cybernetics was famously defined in more recent times by Norbert Wiener in 1948, as the science of “control and communication, in the animal and the machine.” Words like "control” may seem to have creepy overtones, but at its heart, cybernetics is simply the study of systems. "Cybernetics is the discipline of whole systems thinking...a whole system is a living system is a learning system," as Stewart Brand put it in 1980. Cybernetic systems have been used to model all kinds of phenomena, with varying degrees of success – factories, societies, machines, ecosystems, brains -- and many noted artists and musicians derived inspiration from this powerful conceptual toolkit. Cybernetics may be one of the most interdisciplinary frameworks ever devised; its theories link engineering, math, physics, biology, psychology, and an array of other fields, and ideas from cybernetics inevitably infiltrated the arts. The musician and producer Brian Eno, for example, was a big fan of connecting ideas from cybernetics to the studio environment, and to music composition, in his work in the 1970s.

Eno was first exposed to concepts in cybernetics as a teenager in the mid-1960s, during his days as a student at Ipswich Art College. Several art schools in the UK in the '60s were incorporating ideas from cybernetics into their pedagogical approaches, mainly via Roy Ascott's infamous “Groundcourse” curriculum. Ipswich Art College, where Eno studied in the mid-'60s, was run by Ascott, an imposing presence who incorporated cutting-edge cybernetics principles into his offbeat teaching style. Before Ipswich, Ascott had been head tutor at Ealing, a nearby art school where a young Pete Townshend was studying. "The first term at Ipswich was devoted entirely to getting rid of those silly ideas about the nobility of the artist by a process of complete and relentless disorientation," Eno recalled some ten years later, in a guest lecture he gave at Trent Polytechnic. Ascott's teaching philosophy involved countless mandatory group collaboration exercises -- an echo of cybernetics' emphasis on “systems learning” -- and mental games. Very little of the teaching at Ipswich had anything to do with what the teenage Eno had ostensibly set out to do -- study the fine arts. Instead of daubing canvases with oil paints, Eno and his fellow students were instructed to create "mindmaps'' of each other.

Eno became very interested in cybernetics, and possible ways to apply those ideas to music. As an art school student, he had gotten into observing life on a “meta” level, and looked at his own creative process with a bird's eye view. Cybernetics concepts challenged Eno to think in different ways about the process of making music, and these ideas infiltrated Eno's thinking on many of his 1970s albums in key ways. Groups of musicians working in the studio could be conceptualized, in some general sense, as cybernetic systems. A piece of music composed using feedback, or tape loops, could be construed using cybernetics principles, too. One of Eno's favorite quotes, from the managerial-cybernetics theorist Stafford Beer, would become a fundamental guiding principle for his work: ''Instead of trying to specify it in full detail," Beer wrote in his book The Brain of the Firm, "you specify it only somewhat. You then ride on the dynamics of the system in the direction you want to go." Eno also derived inspiration from Stafford Beer's related definition of a “heuristic.” “To use Beer's example: If you wish to tell someone how to reach the top of a mountain that is shrouded in mist, the heuristic ‘keep going up’ will get him there,” Eno wrote. Eno connected Beer's concept of a “heuristic” to music.

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Image: Back cover of Brian Eno's 1975 album "Discreet Music"

The work of Eno's late friend, the British artist Peter Schmidt, who died in 1980, goes strangely underrecognized in the story of cybernetics and the arts. Schmidt, who died in 1980, had a major impact on legions of artists, perhaps most famously on Eno. Schmidt contributed artwork to several of Eno's key albums in the 1970s. His lithographs adorn the cover of 1974's Taking Tiger Mountain [by Strategy]; he also created the striking abstract painting that formed the cover of Robert Fripp and Brian Eno's 1975 collaboration Evening Star, and a series of prints that were included as collectible inserts in the 1977 album Before and After Science. Schmidt and Eno also released the renowned Oblique Strategies cards – “one hundred worthwhile dilemmas” designed to coax artists out of creative ruts – together in 1975. Schmidt is mostly known as a painter, but he was also an electronic composer in his own right; in 1967, he merged his two interests together, performing a show at London's ICA called “A Painter's Use of Sound.”

Schmidt served as the music adviser to curator Jasia Reichardt for the landmark exhibition "Cybernetic Serendipity" at London's ICA in 1968, and his selection of computer music for the ICA show proved extraordinarily prescient. Schmidt had long been intrigued by electronic music, systems, and their connections to the visual arts. "Cybernetic Serendipity" showcased pathbreaking work by hundreds of artists, including John Cage, Nam June Paik, and Jean Tinguely, and was a huge success for Reichardt and the ICA, drawing somewhere between 45,000 and 60,000 viewers and foreshadowing multiple major trends on the interfaces between art and technology. “Cybernetic Serendipity” also galvanized the interest in systems-based art. "The very notion of having a system in relation to making paintings is often anathema to those who value the mysterious and the intuitive, the free and the expressionistic, in art,” wrote Reichardt in 1968. “Systems, nevertheless, dispense neither with intuition nor mystery. Intuition is instrumental in the design of the system and mystery always remains in the final result."

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Image: "Cybernetic Serendipity" poster 1968 (Source: Media Art Net)

Shortly after "Cybernetic Serendipity," Schmidt held a solo show of his systems-based prints and paintings at London's Lisson Gallery. "The paintings and prints shown here were all done according to pre-conceived formulae," wrote Schmidt in his artist's statement. "In some of them a few decisions were left to be made as the picture progressed, but in most of them all the decisions were made beforehand. But the point of working this way is not at all to achieve a pre-conceived result, it is to allow an unexpected one. The more decisions that I have to make during the course of a painting, the more it becomes that these decisions will be influenced by taste and by the desire for a specific outcome. In these paintings the shape and color structure was often completely predetermined, but the way the paintings looked was a complete surprise.”

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Image: Exhibition invitation from Peter Schmidt's solo show at Lisson Gallery, Nov. 7 - Dec. 24, 1968
(Courtesy of Lisson Gallery)

A year later, in 1969, Schmidt made a series of 64 drawings based on hexagrams from the ancient Chinese divination system, the I Ching. John Cage had famously been using the I Ching to make compositional decisions -- a move that would inspire the Oblique Strategies cards, published by Eno and Schmidt in the mid-1970s.

Eno and Schmidt released the Oblique Strategies cards together in 1975, when they realized that they had both been independently developing sets of ideas to help themselves come up with creative solutions to trying situations. “The Oblique Strategies evolved from me being in a number of working situations when the panic of the situation – particularly in studios -- tended to make me quickly forget that there were others ways of working, and that there were tangential ways of attacking problems that were in many senses more interesting than the direct head-on approach,” explained Eno in an interview with Charles Amirkhanian in 1980.

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Image: Oblique Strategies cards

The Oblique Strategies cards, while ostensibly quirky, had a specific, utilitarian purpose. The cards were designed to help artists and musicians get out of creative ruts and loosen up in the studio. Each Oblique Strategy had a different aphorism: "Accept advice," read one. "Imagine the music as a series of disconnected events," read another. “Humanize something free of error." The Strategies were, in their own way, a systems-based approach to creativity.

The work of Eno and Schmidt, and of many other artists who took inspiration from ideas in cybernetics and other ideas from the sciences, was never a literal interpretation of scientific principles. That was part of what made it interesting. "One night at dinner, John Cage handed me a copy of Cybernetics by Norbert Wiener, and said "this is for you"," remembered John Brockman in his book By the Late John Brockman, published in 1969. "Robert Rauschenberg encouraged me to read about physics, recommending The Mysterious Universe by Sir James Jeans, and One, Two, Three, Infinity by George Gamow." Rauschenbergian physics and Cagean cybernetics were not, perhaps, the genuine article. These garbled transmissions from the sciences, mixed in ad-hoc ways into the arts, allowed for strange mutations to take root in culture, taking a life all their own.

Geeta Dayal is the author of Another Green World (Continuum, 2009), a new book on Brian Eno. She has written over 150 articles and reviews for major publications, including Bookforum, The Village Voice, The New York Times, The International Herald-Tribune, Wired, The Wire, Print, I.D., and many more. She has taught several courses as a lecturer in new media and journalism at the University of California - Berkeley, Fordham University, and the State University of New York. She studied cognitive neuroscience and film at M.I.T. and journalism at Columbia. You can find more of her work on her blog,The Original Soundtrack.

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